FGV: Monitor do PIB aponta retração na economia no 2º trimestre de 2021


O Monitor do PIB-FGV aponta, na análise da série dessazonalizada, retração de 0,3% na atividade econômica no 2º trimestre de 2021, em comparação com o 1º trimestre do ano e crescimento de 1,2% em junho, em comparação a maio. Na comparação interanual a economia cresceu 12,1% no 2º trimestre e 10,1% em junho.

“No segundo trimestre, com relação ao mesmo trimestre do ano anterior, a economia seguiu no ritmo de intenso crescimento, observado no primeiro trimestre, devido à baixa base de comparação em 2020. Com exceção da agropecuária, todas as atividades econômicas e componentes da demanda tiveram resultados positivos. Entretanto, a economia apresentou retração de 0,3% no segundo trimestre comparado ao primeiro, evidenciando que houve certo otimismo com o resultado do primeiro trimestre, mostrando que ainda há um longo caminho para a retomada mais robusta da economia,” afirma Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV.

Neste relatório, foi realizado exercício adicional com relação a série com ajuste sazonal uma vez que a pandemia de Covid-19 exerceu influência nos fatores sazonais de 2020 que podem não estar realmente relacionados a sazonalidade.

Alguns institutos de estatística internacionais estão analisando esses impactos  e, por esta razão, além do ajuste sazonal habitual que contempla o período de janeiro de 2000 a junho de 2021, foi realizado adicionalmente o ajuste sazonal para 2020 e 2021 considerando os fatores sazonais referentes a 2019 e o fator calendário corrente. 

Os resultados mostram que, caso os fatores sazonais da série do PIB utilizados sejam aqueles do período de 2000 até 2019, a taxa de variação no segundo trimestre de 2021 seria de -0,32, pouco inferior a observada, considerando todo o período de 2000 até junho de 2021. A taxa de variação, em junho de 2021, seria de 1,5%, superior à de 1,2% observada, considerando todo o período de 2000 até junho de 2021. Esses resultados sugerem que as taxas ajustadas sazonalmente devem ser analisadas com cautela, pois a pandemia pode ter influenciado os fatores sazonais, não apenas por razões econômicas como também estatísticas

Análise desagragada dos componentes da demanda

A análise gráfica desagregada dos componentes da demanda foi feita na série trimestral interanual por apresentar menor volatilidade do que as taxas mensais e aquelas ajustadas sazonalmente, permitindo melhor compreensão da trajetória de seus componentes.

Consumo das famílias

O consumo das famílias cresceu 12,5% no 2º trimestre em comparação ao mesmo período do ano passado. Pelo terceiro mês consecutivo, todos os componentes apresentaram crescimento, com destaque ao elevado crescimento de serviços (9,4%), produtos duráveis (48,4%) e semiduráveis (90,2%).  Na série com ajuste sazonal o consumo das famílias cresceu 0,8% comparado com trimestre anterior. 

Formação Bruta de Capital Fixo

A FBCF cresceu 35,2% no 2º trimestre em comparação ao mesmo período do ano passado. Conforme apontado no gráfico 6 do Press Release, o elevado crescimento do componente de máquinas e equipamentos (85,7%) segue sendo o principal responsável por esse desempenho significativo. Isso se deveu, em grande parte, ao crescimento de automóveis, caminhões e veículos automotores em geral. Entretanto, na taxa trimestral dessazonalizada contra o primeiro trimestre a FBCF retraiu 2,2%.

Exportação

A exportação cresceu 12,9% no 2º trimestre, em comparação ao mesmo período do ano passado. Conforme apontado no gráfico 7 do Press Release, foi registrado crescimento em todos os componentes da exportação, com exceção da agropecuária que apresentou queda de 0,2%. 

Importação

A importação apresentou crescimento significativo de 37,6% no 2º trimestre, em comparação ao mesmo período do ano passado. Todos os componentes da importação apresentaram elevadas taxas de crescimento, com destaque para serviços (23,4%) que apresentou resultado positivo pelo segundo mês consecutivo. 

Monitor do PIB-FGV em valores

Em termos monetários, estima-se que o PIB do segundo trimestre do ano de 2021, em valores correntes, foi de 4 trilhões, 157 bilhões e 812 milhões de reais.

Taxa de investimento

O Gráfico 9 do Press Release destaca em duas linhas as médias das taxas de investimento: a de cima mostra a média das taxas de investimento mensais desde janeiro de 2000 (18,0%); a de baixo, a média das taxas de investimento mensais desde janeiro de 2015 (16,1%). Observa-se que a taxa de investimento no segundo trimestre de 2021 foi de 19,3%, na série a valores correntes, superior as duas médias. 

Fundação Getúlio Vargas

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