A mais recente edição do Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgada na quinta-feira (26/8), aponta para um sinal de interrupção de queda do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e sugere uma possível retomada do crescimento apresentado nas últimas semanas. Referente à Semana Epidemiológica 33, período compreendido entre 15 e 21 de agosto, a análise tem como base dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até 23 de agosto. As análises levam em conta o atraso nos registros para estimar o cenário atual da epidemia no país e avalia os casos por data de início de sintomas. Ou seja, antes da internação. O Boletim mostra que 9 unidades da Federação apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas): Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.
Apenas quatro estados têm sinal de queda na tendência de longo prazo: Alagoas, Goiás, Mato Grosso e Tocantins. Além disso, sete estados apresentam sinal de crescimento apenas na tendência de curto prazo (últimas três semanas): Alagoas, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba e Tocantins.
A análise semanal aponta que todos os estados apresentam ao menos uma macrorregião de saúde em nível alto ou superior, sendo que nove estados e o Distrito Federal têm macrorregiões em nível extremamente elevado. Isso evidencia a necessidade de manutenção de medidas de mitigação da transmissão e proteção à vida, como ressaltado em edições anteriores.
De acordo com o Boletim, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe apresentam sinal forte de crescimento na tendência de longo prazo. Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo têm sinal moderado de crescimento na tendência de longo prazo. Na Bahia, no Ceará, no Mato Grosso do Sul, no Pará e na Paraíba observa-se sinal de estabilidade na tendência de longo prazo acompanhado de sinal moderado de crescimento na tendência de curto prazo. Em Alagoas e no Tocantins há sinal de queda no longo prazo, com sinal moderado de crescimento na tendência de curto prazo.
“Nos estados em que há sinal de crescimento apenas na tendência de curto prazo, deve-se interpretar como sinalização de possível interrupção de queda, com tendência de crescimento a ser reavaliada nas próximas semanas”, afirma o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe. Gomes pede “cautela em relação a medidas de flexibilização das recomendações de distanciamento para redução da transmissão da Covid-19 enquanto a tendência de queda não tiver sido mantida por tempo suficiente para que o número de novos casos atinja valores significativamente baixos, bem como a necessidade de reavaliação das flexibilizações já implementadas nos estados com sinal de retomada do crescimento ou estabilização ainda em patamares elevados”.
Capitais
Em relação às capitais, 11 das 27 apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas): Aracaju, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, João Pessoa, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Teresina. Em cinco delas há sinal de queda na tendência de longo prazo: Belo Horizonte, Boa Vista, Cuiabá, Goiânia e Palmas. Além disso, três capitais apresentam sinal de crescimento na tendência de curto prazo (últimas três semanas): Campo Grande, Maceió e São Luís.
Aracaju, Natal, Rio de Janeiro e São Paulo apresentam sinal forte de crescimento na tendência de longo prazo. Dessas, apenas o Rio de Janeiro apresenta sinal de estabilidade no curto prazo, as demais apresentam sinal de crescimento. Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, João Pessoa, Porto Alegre, Recife e Teresina apresentam sinal moderado de crescimento na tendência de longo prazo, sendo que Fortaleza, João Pessoa e Porto Alegre têm ainda sinal moderado de crescimento na tendência de curto prazo, enquanto as demais apontam para sinal de estabilidade na tendência. Campo Grande, Maceió e São Luís apresentam sinal de estabilidade na tendência de longo prazo, porém com sinal moderado de crescimento no curto prazo. Segundo Gomes, isso pode sugerir “possível interrupção de queda e recomendando reavaliação nas próximas semanas quanto à possibilidade de retomada do crescimento”.
Transmissão comunitária
Conforme apresentado pelos indicadores de transmissão comunitária, todas as capitais encontram-se em macrorregiões de saúde com nível alto ou superior. Das 27 capitais, 15 integram macrorregiões de saúde em nível alto (Aracaju, Belém, Boa Vista, Cuiabá, Fortaleza, João Pessoa, Macapá, Maceió, Manaus, Palmas, Porto Velho, Rio Branco, Salvador, São Luís e Vitória), 5 em nível muito alto (Florianópolis, Natal, Porto Alegre, Recife e Teresina) e 7 em nível extremamente alto (Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Goiânia, Rio de Janeiro e São Paulo). Para Marcelo Gomes, “tal situação manterá o número de hospitalizações e óbitos em patamares altos, caso não haja nova mobilização por parte das autoridades e população”.
Metodologia
O sistema InfoGripe (http://info.gripe.fiocruz.br e http://infogripe.fiocruz.br) monitora os dados de notificação de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no Brasil, tendo como fonte o sistema Sivep-Gripe da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), gerando alertas de situação semanal. As análises são feitas levando em conta o número de novos casos semanais por data de primeiros sintomas, que antecede a data de internação em aproximadamente uma semana. Para compensar o atraso no registro de casos no Sivep-Gripe é utilizado um método estatístico para estimar a situação atual, levando em conta o perfil do atraso entre a semana de primeiros sintomas e semana de digitação nas capitais, macrorregiões e estados. O método permite estimar os casos que ocorreram nas últimas semanas, mas que ainda não foram inseridos no sistema.
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