Por Lenildo Ferreira - jornalista e advogado
Autoridades de Campina Grande decidiram, sabe-se lá por qual razão, fingir não enxergar uma situação cotidiana que se repete nos mesmos locais, com os mesmos envolvidos enquanto agentes praticando crimes: flanelinhas cometendo ameaça e extorsão contra motoristas no entorno do Açude Velho.
Os relatos das vítimas são intermináveis. Mas, pior que isso, a conduta dos indivíduos, em regra homens feitos agindo em grupo, é praticamente um crime continuado, que segue sendo praticado, todo dia, o dia todo, com foco principalmente em mulheres, idosos ou qualquer cidadão que a “turma” julgue um alvo mais fácil.
O pior de tudo, porém, e o mais esdrúxulo, é um discurso que foi criado para colocar o problema na alçada da Secretaria de Assistência Social do Município, a Semas, como se condutas criminosas típicas, perpetradas por adolescentes já homens feitos, fosse a mesma coisa do problema social de crianças que pedem nos sinais.
Este, sim, um caso para assistência social, Conselho Tutelar e afins. Entretanto, grupos agindo de maneira organizada para constranger, ameaçar, cometer violência verbal e até com indicativos de violência física são problema da polícia e do Ministério Público.
E não precisa necessariamente de denúncia formal para agir, tendo em vista que a situação é de conhecimento público.
Isso porque embora a denúncia seja indispensável para a configuração do crime, a ação ostensiva preventiva e até mesmo investigativa fatalmente coibiria a ação dos flanelinhas que extrapolam e descambam para o crime.
A questão, porém, é querer enfrentar o problema. Ou fingir que ele não existe.