“A Polícia só agiu rápido porque o caso é de repercussão” - Por Saulo Nunes


“A Polícia só agiu rápido porque o caso é de repercussão”. Quem nunca expressou ou ao menos ouviu alguém falar algo nesse sentido? No texto que segue, eu mostro - com base em números concretos e reais - que a realidade não é bem assim. E observem que, para não tomar o tempo do leitor com um texto longo, eu fiz dois recortes para a nossa análise: 

1 - Tratemos apenas dos crimes de homicídio consumado.

2 - Analisemos apenas as prisões  realizadas no mês de março/2022.

Comecemos pela data 8 de março. Em pleno Dia Internacional da Mulher, a Polícia Civil da Paraíba, por meio do Núcleo de Homicídios de Patos, foi até o município de São José do Egito (PE) prender uma mulher suspeita de ser a mandante de um assassinato ocorrido no dia 1º de fevereiro deste ano, em Patos. Ou seja, a Polícia Civil levou menos de 40 dias para investigar, requerer na justiça o mandado de prisão da suspeita e capturá-la no estado vizinho.

No dia seguinte, 09 de março, dois homens - pai e filho - mataram uma pessoa no município de Cuité, durante uma bebedeira. A Polícia Civil investigou e, com o apoio da Polícia Militar, prendeu os dois suspeitos em menos de 24 horas. 

Mais um dia à frente, 10/março, a Polícia Civil prendeu em João Pessoa o investigado de um homicídio na cidade de Sousa. Desta vez, a prisão se distanciou 17 meses do dia do crime, que foi cometido em outubro de 2020. 

Passadas 48 horas, dia 12/março, a Polícia Civil prendeu em flagrante delito o empresário suspeito de ter matado a estudante de Medicina Mariana Thomaz de Oliveria, em João Pessoa. Para quem leu até aqui, percebeu que este foi o primeiro [e único] caso de repercussão desta lista. Detalhe: a prisão rápida (poucas horas após o crime) não se deu meramente pelo status social da vítima, e sim pela perspicácia da equipe do Instituto de Polícia Científica (IPC), que constatou sinais de esganadura na vítima e acionou a delegacia responsável pelo caso. A Polícia Civil da Paraíba guarda uma verdadeira ‘coleção’ de prisões céleres desse tipo, tendo como vítimas pessoas ‘anônimas’.

Mas pulemos mais três dias. Em 17/março, a Polícia Civil em Santa Rita prendeu o suspeito de ter assassinado o jovem Gabriel Francelino Olímpio, 22 anos. O crime aconteceu no dia 14 de fevereiro. Portanto, menos de 35 dias entre investigação, pedido de prisão e captura do investigado.

No mesmo dia, 17/março, investigadores da PC em Patos prenderam mais um suspeito de assassinato. O crime aconteceu há 11 meses, em abril de 2021. Uma semana depois, em 24/março, a Polícia Civil prendeu cinco pessoas investigadas por um assassinato cometido na cidade de Baraúna, crime ocorrido em novembro de 2020, ou seja, 14 meses antes da prisão do quinteto. 

Para finalizarmos a contabilidade do mês - Março/2022 -, nessa terça-feira, 29 de março, a Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) de Campina Grande prendeu três homens investigados pela morte de Aleones de Oliveira Souza, indivíduo já condenado por homicídio e tráfico de drogas. Ele foi alvo de vários tiros no dia 30 de novembro, foi socorrido ao hospital e ficou internado até o dia 25 de dezembro, quando faleceu. Portanto, um espaço de apenas quatro meses entre o dia do crime e a prisão dos investigados.

Como disse no início, eu fiz o recorte apenas com as prisões de Março/2022 para evitar um texto mais longo. Mas guardo dados suficientes para mostrar que, em um panorama geral, a Polícia Civil da Paraíba costuma solucionar casos com relativa celeridade, tenham os episódios repercussão na mídia ou não.

A quem interessar, todos os casos mencionados acima estão publicados no site da Polícia Civil da Paraíba e em boa parte da imprensa paraibana. 

---

--------------

Para ler outros artigos de Saulo Nunes, clique AQUI.

---------------------

PERFIL

Saulo Nunes é formado em Comunicação Social pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Ingressou via concurso público no sistema penitenciário do estado em 2009, onde permaneceu como policial penal até o ano de 2015. A partir daí, também após aprovação em concurso, passou a trabalhar como Investigador da Polícia Civil. É autor de Monte Santo: A casa de detenção de Campina Grande

Postagem Anterior Próxima Postagem