É, você deve ter assistido ao Jornal Nacional nessa terça-feira, 23 de agosto, onde o presidenciável Ciro Gomes deu detalhes de como pretende, caso eleito, ‘peitar’ os crimes de roubo e homicídios no Brasil. Se não assistiu, vou transcrever o trecho:
“Com algoritmos – os grandes policiais estão me ajudando –, você pode antecipar manchas dos crimes e chegar antes. Chego a dizer que, sofisticadamente, a hora e o local onde provavelmente acontecerão assaltos e homicídios. E o Brasil não usa essa ferramenta, a não ser topicamente aqui ou acolá. Essa é a tarefa que eu proponho”.
Eu confesso que não entendi bem o que o candidato quis dizer com ‘algoritmo’ na história. Aliás, a ‘sabatina’ do JN tem dado pouca importância às questões de segurança pública, na minha opinião.
Mas enfim. Pelos idos de 2013-2014, a região do bairro do Tambor, em Campina Grande, era uma das mais violentas, no quesito ‘homicídios’.
Um determinado grupo estava impondo o terror na área para comandar o tráfico de drogas, mas a Polícia Civil – em especial a Delegacia de Homicídios – investigou os crimes, prendeu um ‘punhado’ de assassinos e... Fim. Aquele setor voltou a viver em patamares toleráveis de violência homicida.
Depois, em 2015-2007, uma guerra se instalou na área do Pedregal. Gangues se matando com o mesmo propósito – dominar o comércio de drogas – eram uma constante no noticiário. O remédio foi o mesmo: Polícia Militar fazendo rondas, e a Delegacia de Homicídios da Polícia Civil investigando e prendendo outro punhado de gente. Em outras palavras, “polícia incomodando”.
Hoje [e sem o tal ‘algoritmo’], Campina beira os níveis classificados pela ONU como “limites toleráveis de violência homicida”. Ou seja, a cidade é quase uma “área de primeiro mundo”, em se tratando de assassinatos.
É claro que a própria bandidagem deu sua dose de contribuição. Certamente, os chefes das facções progrediram um pouco em matéria de raciocínio lógico e viram que ‘matar por nada’ é negócio sem futuro. Afinal, a polícia de Campina incomoda...
Então, não precisa de ‘algoritmo’ para baixar os homicídios. Claro que quanto mais tecnologia, melhor. Óbvio! Mas em se tratando de assassinatos, se Ciro vier a Campina, certamente terá a mesma impressão que o Instituto Sou da Paz, por exemplo, levou daqui quando veio conhecer a dinâmica de trabalho em um daqueles blocos que compõem a Central de Polícia, no bairro do Catolé.
ROUBOS
No caso dos roubos, aí a tal ideia do candidato escorrega de vez. A demanda é enorme. Não sei se a culpa é de William Bonner e Renata Vasconcelos – que não deixaram Ciro explicar direito que danado de ‘algoritmo’ sabido é esse –, mas não consigo visualizar um ‘treco’ informando o dia, a hora e o lugar onde esses crimes ocorrerão.
Nem eu nem a Rainha da Inglaterra! Porque segundo o portal Eurodicas, o povo inglês foi vítima de mais de 3 milhões de furtos e roubos, SOMENTE EM 2021. É mole?
Imagine o Brasil.
Eita, Ciro...