Por Lenildo Ferreira | Jornalista e advogado
Na última semana do primeiro turno das eleições, os cenários vão se consolidando e não é incomum que gestos desesperados de candidatos cientes de sua difícil situação acabem pipocando nesse período.
Desde ontem, um caso do tipo circula pelas redes sociais da Paraíba. Áudios de Whatsapp tentam vincular o deputado estadual e candidato a federal Cabo Gilberto a traficantes de João Pessoa.
A armação é profundamente grosseira. A interpretação força a barra ao máximo para colocar na boca dos supostos traficantes detalhes mínimos que jamais seriam expostos num diálogo desse tipo.
E as minúcias incluem a clara e reiterada citação ao nome de Gilberto e um suposto acordo com o candidato para determinar o voto dentro de comunidades controladas por criminosos.
A tal armação, que certamente pareceu genial aos seus idealizadores, é um teatro de fundo de quintal perceptível a qualquer criança.
Quanto mais aos eleitores do Cabo Gilberto, boa parte deles policiais acostumados a lidar com o crime e tarimbados em perceber, no faro, uma conversa mal contada.
O mais óbvio ainda, contudo, é que esse episódio vexatório, que entra para o cronicário da baixa política paraibana, revela sem maquiagem a face do desespero daqueles que sabem que Gilberto deverá ser o mais votado do PL.
Só que o tiro novamente saiu pela culatra e o teatro juvenil acaba servindo para conclamar os aliados do cabo a a reforçar a campanha, além de ajudar a convencer, em favor do candidato alvo da marmelada, aqueles que ainda estavam em dúvidas sobre apoiá-lo ou não.
Nem que seja só pelo desaforo.