"O grande desafio do empreendedorismo criativo sustentável" - Por Regina Amorim


O grande desafio do empreendedorismo criativo sustentável é a necessidade de aprender e reaprender de forma continuada. Em uma sociedade empreendedora os indivíduos precisam aprender coisas novas e assumir responsabilidades com o seu próprio aprendizado.

A Grã-Bretanha está na vanguarda dos negócios criativos ao criar uma organização específica para cuidar dos setores criativos e do levantamento de dados. Nova Zelândia, Austrália e Canadá seguem o mesmo caminho, desenvolvendo políticas de estímulo aos negócios da economia criativa. Estados Unidos vem investindo em pesquisa e levantamento de dados. 

No Reino Unido, entre 1990 e 2010, diante do declínio da indústria manufatureira, a política de governo foi englobar todas as empresas que utilizavam a criatividade cultural na produção de bens e serviços, com a denominação de indústrias criativas, que empregam a criatividade artística, diferenciando e agregando valor aos produtos.

Todo esse reconhecimento pelos setores criativos, baseados em conhecimento, cultura, criatividade e tecnologia, tem permitido mais visibilidade aos segmentos da economia criativa, tais como, os emprendedores e profissionais das expressões culturais, do design, das artes e do artesanato, para dialogar, intercambiar com seus pares e promover experiências autênticas e únicas para os destinos turísticos onde vivem.

Foi com esse propósito que o SEBRAE/PB e a Prefeitura de João Pessoa – PB, através da Secretaria Municipal de Educação e da FUNJOPE, viabilizaram a visita técnica de vinte e cinco representantes de quinze agremiações carnavalescas, para trocar experiências com os artistas da Bomba do Hemetério e conhecer a sua oferta de turismo criativo de base comunitária. 

Fomos recebidos pelo Jorge Carneiro, uma das lideranças do grupo Maracatu Raízes do Pai Adão, para vivenciarmos a experiência denominada “Recife é sempre carnaval”. O local que nos recebeu é o ateliê “Arte Plenna” do artista plástico Leopoldo Nóbrega. Já ficamos a imaginar qual artista plástico de João Pessoa – PB estaria disposto a fazer parceria com uma das agremiações, filiadas à Liga Carnavalesca de João Pessoa... Ou qual prédio público da gestão municipal poderá se transformar em um local turístico, para dar visibilidade às agremiações carnavalescas da capital paraibana, gerar experiências para os turistas e renda para os carnavalescos, o ano inteiro, com a sua tradição e identidade cultural. 

Vivenciar a Bomba do Hemetério foi uma aula de superação, de economia circular, inovação, economia criativa, propósito e determinação, mas também empreendedorismo e pertencimento, para a levar à frente a gestão de um negócio criativo, coletivo e colaborativo.

No produto turístico da Bomba, os visitantes podem ter oficinas de percussão, oficinas de produção de adereços e até se vestir de Rei e de Rainha do Carnaval. Depois sair na rua com a batucada que anima o carnaval é uma imersão na cultura viva do lugar. A sustentabilidade exige constante inovação, inclusão social e melhores condições de vida para todos. Na avaliação, após a visita técnica, ficou claro o universo de oportunidades que eles já têm com a cultura do carnaval tradição, para participar dos eventos de turismo e interagir com o trade turístico e outros dos grupos criativos, locais e regionais.

João Pessoa, caminha para o planejamento urbano de uma cidade criativa, com novas configurações para os setores criativos. É fundamental que os pequenos negócios sejam beneficiados com a criação de um distrito criativo que fortaleça e possibilite a integração entre os produtores culturais, as expressões carnavalescas e juninas, os artesãos e artistas das artes cênicas, visuais, os produtores de audiovisual, cinema e outros. As diversas manifestações das artes são fontes de entretenimento, crescimento espiritual e desenvolvimento territorial.

São esses segmentos da economia criativa que alimentam a diversidade, a riqueza e a criatividade de uma cidade criativa, viabilizando a concentração de artistas em determinadas áreas urbanas, contribuindo cada vez mais, para atrair profissionais criativos, ligados às artes e à cultura, mas também profissionais da tecnologia, que abrem espaço para novos negócios. 

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Regina Amorim é formada em Economia pela UFPB, Especialização em Gestão e Marketing do Turismo pela UNB - Universidade de Brasília e Mestrado em Visão Territorial para o Desenvolvimento Sustentável, pela Universidade de Valência - Espanha e Universidade Corporativa SEBRAE. Atualmente é Gestora de Turismo e Economia Criativa do SEBRAE/PB.

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