Coluna de Regina Amorim: "Falar da economia da pobreza é compreender a vida econômica dos pobres"


Segundo dados do IBGE, um quarto da população brasileira, correspondente a 52,7 milhões de pessoas, vive em situação de pobreza ou extrema pobreza. 

Para o Banco Mundial, a extrema pobreza, ocorre quando as pessoas recebem até US$ 2,15 por dia, aproximadamente R$ 11. O relatório do Banco Mundial que visa medir a renda e a pobreza ao redor do mundo, também é utilizado pela ONU para acompanhar o progresso dos países, com foco na meta de erradicar a extrema pobreza até 2030. Brasil teve a maior redução da extrema pobreza em toda a América Latina, em 2020. 

Falar da economia da pobreza é compreender a vida econômica dos pobres, o modo como as pessoas vivem em toda a sua complexidade. A luta contra a pobreza e a desigualdade é um compromisso de governos, iniciativa privada e da sociedade.

Os pobres são seres humanos que semelhante a qualquer pessoa, têm desejos, fraquezas, crenças, aspirações e muita criatividade, para sobreviver diante da escassez de recursos financeiros, acesso limitado ao crédito, à infraestrutura básica.

Alguns economistas argumentam que a ajuda financeira faz mais mal do que bem, porque limita as pessoas pobres a buscarem suas próprias soluções, com ideias simples para resolver seus problemas.

Amartya Sen, vencedor do Prêmio Nobel de 1998, afirma que a pobreza não é só falta de dinheiro, mas também não ter condições de utilizar todo o potencial de um ser humano. 

O desafio para erradicar a pobreza é grande, mas não é impossível. Por isso é importante buscar algumas soluções acessíveis para minimizar os problemas, que muitas vezes paralisam o desenvolvimento socioeconômico.

Se o estado de pobreza não é permanente, por que as pessoas tendem a ficar presos na pobreza? Por que as políticas públicas fracassam e a ajuda financeira não produz o efeito esperado?

Os pobres em geral resistem aos planos elaborados para eles, de cima pra baixo. A decisão de gastar dinheiro em coisas que não sejam alimento, faz parte das suas aspirações. Em geral, costumam viver em casa pequena, sem água tratada, com dificuldade de encontrar um emprego, mas a grande maioria tem a sua televisão, sua geladeira e o seu celular.

Na verdade, a maioria dos pobres estão condicionados a um sentimento de descrença, que os impossibilita cultivar o espírito empreendedor e sair da pobreza. Concentram em viver o presente, sem adiar os investimentos materiais que, para eles, tornam suas vidas melhores.

Histórias de empreendedorismo criativo de pequenos negócios estão presentes em todos os municípios brasileiros, através da parceria de governos com entidades técnicas e programas de acesso ao crédito. 

Muitos empreendedores não têm recursos financeiros para iniciar um negócio, mas são talentosos na busca de conhecimentos e informações, na efetivação de parcerias com fornecedores e na descoberta de novas formas de fazer negócios. Melhorar o nível de pobreza de um território é proporcionar às pessoas desenvolverem o seu potencial empreendedor. Para isso, as instituições financeiras precisam oferecer linhas de crédito mais acessíveis e ágeis, para que o retorno do financiamento seja bem-sucedido.

Os empreendedores em potencial que querem melhorar de vida com o seu próprio negócio, precisam procurar o SEBRAE para orientar sobre a gestão empresarial, o SENAC para capacitar a mão de obra do comercio e serviços, o SENAI para formar a mão de obra da indústria e o SENAR para orientar os pequenos agricultores. As orientações dessas entidades técnicas são gratuitas, possibilitando aos empreendedores mais capacidade de ter sucesso na gestão dos pequenos negócios, que podem mudar as suas vidas e viver com mais dignidade. 

O ambiente do empreendedorismo criativo está mais próximo de se concretizar do que se imagina. Os profissionais da música, das artes, do design, da moda, da gastronomia, do artesanato e demais segmentos da economia criativa, também precisam transformar seu talento em oportunidade de negócio bem-sucedido. 

Em 2023 é preciso acreditar e priorizar sua empresa, como MEI ou Microempresa. Esse é um dos primeiros passos para que muitas portas se abram no mundo empresarial de acesso ao crédito, às feiras de negócios e aos relacionamentos com clientes e fornecedores. 

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"Regina Amorim é formada em Economia pela UFPB, Especialização em Gestão e Marketing do Turismo pela UNB - Universidade de Brasília e Mestrado em Visão Territorial para o Desenvolvimento Sustentável, pela Universidade de Valência - Espanha e Universidade Corporativa SEBRAE. Atualmente é Gestora de Turismo e Economia Criativa do SEBRAE/PB".

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