A produção associada ao turismo é um recorte de vários segmentos da economia criativa que contribui para o entendimento da cultura, da tradição e dos valores locais, gerando experiências e vínculos com as pessoas e com os lugares visitados.
Destaco neste artigo o valor do artesanato em cada destino turístico, como uma semente que germina e se reproduz entre a tradição artesanal e a inovação de peças, gerando oportunidades de negócios criativos para as comunidades, que recebem os turistas.
Muito importante a visão de gestores públicos que valorizam o artesanato e investem no acesso a mercado ou em uma loja colaborativa, exclusiva para a comercialização desses produtos, enquanto elementos de agregação de valor e diferencial competitivo do território, juntamente com a gastronomia regional e as manifestações culturais.
Isso é possível e necessário em qualquer cidade, de grande ou pequeno porte, que prioriza a atividade turística e potencializa formas de gerar renda, através das compras realizadas pelos visitantes.
Investir na participação de seus artesãos em feiras de artesanato, fora da sua cidade é uma oportunidade de trocar experiências e de se avaliar no cenário de comercialização, proporcionado ampliar a visão do mercado local, para outras necessidades do mercado global e contemporâneo. Outra ação fundamental que precisa compor os planos de governos municipais é investir na capacitação de artesãos, para a inovação da produção artesanal e adequação aos novos tempos e ao perfil dos consumidores.
A relação entre a tradição e a inovação, entre os artesãos e o profissional designer, possibilita os estímulos necessários para novas criações, com maior aceitação no mercado, mantendo a identidade territorial, mas também a sua originalidade.
Cabe ao processo de capacitação coordenado por um designer, inserir a cultura da criatividade na inovação de peças artesanais, que contribuam para o desenvolvimento sustentável e a qualidade socioambiental.
A melhoria de produtos artesanais, funciona como uma estratégia para a gestão criativa e colaborativa entre designers, artesãos tradicionais e suas localidades, na busca de soluções que potencializem as suas identidades, no diálogo entre o design de peças e as tradições artesanais.
SEBRAE PB e governos tem viabilizado oficinas de design, para capacitar artesãos, visando manter a competitividade da produção artesanal dos territórios, sem perder a sua identidade, mas fortalecendo e diferenciando o design de produtos, além de renovar e dinamizar as tradições artesanais, de forma complementar.
Um outro passo será estreitar relacionamentos entre as comunidades de artesanato com decoradores, arquitetos, designers e estilistas, empresários da hotelaria e de restaurantes, fotógrafos e artistas plásticos, para a avaliação de produtos artesanais, criação de novas leituras sobre a cultura artesanal e a cocriação de novas peças de maior utilidade e adequação às necessidades do mercado consumidor.
A ampliação de conhecimentos em ambiente de trocas e ações cooperadas, possibilita aos artesãos a autonomia criativa e o desenvolvimento de habilidades para criar, inovar e gerar conexões com o mercado comprador.
Partindo das ideias criativas, os produtos são transformados para atender ao mercado, que busca conteúdo cultural e impacto econômico e social. Dessa forma amplia-se a visão do produto para o turismo, a moda, a decoração e a gastronomia, gerando possibilidades de transformar a cultura tradicional em economia criativa, com a identificação de oportunidades e modelagem de novos negócios sustentáveis.
A modelagem é a capacidade de transformar as ideias em inovação e em mudança de mentalidade de comunidades tradicionais, sem perder a memória de saberes e de relações direta com a sua cultura. É fundamental manter o artesanato vivo, cheio de história da cultura tradicional, mas se ele não se faz necessário no espaço contemporâneo, em termos de uso e função, possivelmente ficará com um mercado limitado e com baixo valor agregado. Por isso a capacitação em design de produto é um valioso instrumento para ampliar as possibilidades de novas formas, funções e usos, pela renovação de saberes e fazeres tradicionais.
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"Regina Amorim é formada em Economia pela UFPB, Especialização em Gestão e Marketing do Turismo pela UNB - Universidade de Brasília e Mestrado em Visão Territorial para o Desenvolvimento Sustentável, pela Universidade de Valência - Espanha e Universidade Corporativa SEBRAE. Atualmente é Gestora de Turismo e Economia Criativa do SEBRAE/PB".