A cultura do carnaval deve ser encarada como um negócio, que utiliza a criatividade artística para agregar valor e diferencial aos bens materiais e imateriais de valor simbólico. Como expressão da criatividade humana, o carnaval é fonte de entretenimento e geração de riqueza, porque movimenta a economia dos lugares e dos destinos turísticos.
Embora a origem do carnaval seja do período colonial, apenas no século XX tornou-se um negócio lucrativo para o turismo e o setor de entretenimento. O carnaval, como atração turística, se apresenta como evento forte e responsável pela geração da receita cultural e criativa de muitos municípios brasileiros.
Milhões de turistas visitam o Brasil no período do carnaval, movimentando a economia com o consumo dessa produção cultural. A geração de negócios do evento mais popular e inovador do Brasil, gira em torno de R$ 8 bilhões por ano e 25,4 mil empregos temporários, conforme dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) de 2020.
No carnaval vivemos a essência da criatividade, que é a liberdade individual da ação, como algo espontâneo e pleno, que proporciona alegria, relaxamento e libera a energia criativa que estimula inteligência, sensibilidade e emoção.
São mais de 90 mil festas carnavalescas, com mais de 80% de ocupação hoteleira, correspondente a 30 milhões de turistas, espalhados por diversas cidades brasileiras, sendo que as festas de carnaval de maior relevância acontecem em Salvador, São Paulo, Brasília, Recife, Olinda, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
O Folia de Rua de João Pessoa – PB é uma das maiores “prévia carnavalesca” do Brasil, acontece uma semana antes do carnaval. Durante o período carnavalesco, João Pessoa também tem na sua programação o desfile de quarenta de quatro agremiações filiadas à Liga Carnavalesca, destacando-se as Escolas de Samba, Tribos Indígenas, Maracatu, Ala Ursa, um verdadeiro show de beleza e criatividade, dos designers, coreógrafos, estilistas, figurinistas, roteiristas, costureiras, maquiadores, artesãos, bailarinos e passistas.
Na prática, ações carnavalescas têm duração muito maior, considerando o antes e o depois dos dias no calendário oficial. Há uma estreita relação entre a economia criativa e o carnaval, uma das expressões culturais do Brasil, mais conhecida e reconhecida nacionalmente e internacionalmente.
Carnaval é um excelente exemplo da economia criativa em suas mais diversas manifestações carnavalescas, em que inteligência, leveza e criatividade, são reproduzidas nas temáticas dos cenários político, econômico, ambiental, social e cultural da atualidade.
A riqueza das manifestações carnavalescas de rua, estão presentes nos desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo, nos famosos trios elétricos de Salvador, nos bonecos gigantes de Olinda e nos blocos de carnaval em várias cidades do País, com destaque para o Galo da Madrugada, de Recife - PE, o Pinto da Madrugada, de Maceió - AL, as Muriçocas de Miramar e o Bloco Cafuçu, de João Pessoa – PB.
A cultura e os conhecimentos tradicionais transformados em produtos e serviços criativos, representam os valores culturais de seu povo. Conforme Relatório da Economia Criativa da UNCTAD (2010) o carnaval no Brasil desempenha um papel significativo na economia e na cultura do País. Também gera impacto positivo no comércio local devido aos gastos realizados para a produção do evento e gastos realizados pelos turistas atraídos pela cultura carnavalesca.
Sendo João Pessoa, cidade criativa da UNESCO, a cultura do carnaval está sendo transformada em atrativo turístico para a cidade, o ano inteiro, através da Rota das Tradições, que compreende dez agremiações carnavalescas da capital paraibana.
O Programa Municipal João Pessoa Criativa e o SEBRAE têm investido no potencial cultural da cidade, que atrai cada vez mais turistas, movimenta a economia local e proporciona a tão sonhada experiência única aos visitantes.
A Rota das Tradições será o mais novo produto turístico, que vai estimular o empreendedorismo criativo nas comunidades carnavalescas e contribuir para a valorização simbólica da cultura, dos bens materiais e imateriais que a economia criativa pode oferecer.
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"Regina Amorim é formada em Economia pela UFPB, Especialização em Gestão e Marketing do Turismo pela UNB - Universidade de Brasília e Mestrado em Visão Territorial para o Desenvolvimento Sustentável, pela Universidade de Valência - Espanha e Universidade Corporativa SEBRAE. Atualmente é Gestora de Turismo e Economia Criativa do SEBRAE/PB".