Por Lenildo Ferreira – jornalista e advogado
Desde que a situação da Braiscompany passou de "meros" atrasos minimizados pelos donos da empresa e seus colaboradores e estourou em uma operação da Polícia Federal e a fuga de Antônio Neto e Fabricia Farias, temos alertado sobre a necessidade de as investigações chegarem efetivamente aos chamados brokers.
Eles são uma espécie de corretores, vendedores, intermediários junto aos clientes e apontados pelo próprio Ministério Público como essenciais para a operação da Braiscompany.
Dentro da hierarquia do negócio, havia níveis distintos de brokers - embora todos, em geral, se vestissem de maneira idêntica, se portassem do mesmo modo extravagante nas redes sociais e imitassem e idolatrassem o fundador da Braiscompany.
LARANJAS?
Considerando as diferentes hierarquias de brokers e outros atores da Braiscompany, há sérias suspeitas de que alguns deles, mais ligados à cúpula, podem ter recebido repasses incomuns de recursos por parte da empresa no final do ano, quando começaram os atrasos nos pagamentos a investidores.
Em tese, poderia ser uma estratégia para dispersão do patrimônio dos sócios-administradores e, assim, evitar medidas de bloqueio e arresto, como as já determinadas pela Justiça nos últimos dias.
Nas redes sociais, circulam denúncias de brokers que teriam recebido transferências vultosas e, segundo o perfil da Blockseer (em síntese, especializada em rastrear esquemas envolvendo criptoativos), apenas uma conta de um colaborador teria recebido transferências da ordem de R$ 3 milhões em dezembro.
O MP já requisitou a relação de brokers associados à Braiscompany e investidores cobram que as investigações e bloqueios de bens alcancem o quanto antes pelo menos os que figuravam como principais auxiliares do casal Ais.
O problema é que, se realmente há brokers que atuaram como laranjas e testas de ferro, a marcha lenta do inquérito e do Judiciário pode acabar favorecendo a evasão definitiva do patrimônio.