Por Alexandre MOURA (*)
“SVB”
Este ano começou com a “sombra” de 2022, em relação à economia global (a exemplo da crise “permanente”, do mercado de criptoativos), deve continuar tirando o “sono” de muita gente. Nas últimas semanas, o sistema financeiro americano tem apresentado “turbulências” que estão impactando, diretamente, as empresas de tecnologia, especialmente as Startups. A falência do SVB (Silicon Valley Bank) localizado na cidade de Santa Clara, Califórnia, no famoso “Vale do Silício” e conhecido como o “Banco das Startups” e um dos “pilares da economia” desse tipo de empresa, reverberou no Brasil e em outros países. O SVB (controlado pelo SVB Financial Group) era “focado em empresas de tecnologia e se tornou o maior banco americano a falir desde a crise financeira de 2008”. Causando um “terremoto” nos mercados mundiais “deixando bilhões de dólares pertencentes a Startups e fundos de investimento de risco, bloqueados”. Os reguladores bancários da Califórnia encerraram as operações do SVB e delegaram a FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation - Agência Federal dos Estados Unidos, fundada em 1933, cuja principal função é a de dar garantia aos depósitos bancários, até um determinado limite) como interventora e guardiã, dos ativos do banco em liquidação.
“SVB” (II)
O SVB foi classificado no ano passado, como o “16º maior americano com mais de R$ 1 trilhão em ativos”, recursos esses, em sua grande maioria, de empresas de base tecnológica e de investidores do Vale do Silício. Desde janeiro enfrentando problemas de liquidez, a situação se agravou nas últimas semanas até que, na semana passada, “ao tentar levantar capital para compensar a fuga de depósitos, o banco perdeu o equivalente a R$ 10 bilhões em Títulos do Tesouro Americano”, cujos valores foram “torpedeados” pelo aumento da taxa de juros do FED (O Banco Central dos Estados Unidos). Segundo informações da FDIC, dos quase R$ 1 trilhão, em depósitos do banco, registrados em dezembro de 2022, só 11% tinham algum tipo de seguro e, portanto, poderiam em tese, serem resgatados pelos correntistas. A solução que o interventor está buscando e é sempre a primeira opção nesses casos, “é encontrar outro banco disposto a incorporar o SVB” e desta forma, dar continuidade aos negócios, protegendo assim, os “depósitos não garantidos”.
“SVB” (III)
O principal problema é o tempo que essa solução levará para ser implementada. A resolução do problema ficou mais complicada, devido à outra “quebra” que aconteceu em seguida. O Signature Bank sediado na cidade de Nova York - que foi fechado dois dias após o SVB pelo regulador financeiro do estado de Nova York - demonstra que a crise está longe de terminar. Para complicar mais ainda a situação, as ações dos bancos americanos (de todos os tamanhos) iniciaram essa semana em grande queda, gerando perdas de mais de R$ 550 bilhões! Voltando ao tema SVB: A empresa que controla o banco (a SVB Financial) está tentando, segundo informações da Agência de Noticias Reuters, juntamente com a consultoria do “banco de investimentos Centerview Partners e do escritório de advocacia Sullivan & Cromwell, encontrar compradores para seus outros ativos, que incluem o banco de investimentos SVB Securities, o gestor de fortunas Boston Private e a empresa de pesquisa de ações MoffettNathanson”. O problema é que, segundo ainda a matéria da Reuters, a “agência de classificação de crédito S&P Global Ratings prevê que a SVB Financial entre em falência, por causa de seus passivos”. Caso isso aconteça, as vendas dos ativos ficariam comprometidas.
“SVB” (IV)
O impacto do fechamento do SVB nas empresas de tecnologia, incluindo várias brasileiras (que receberam investimentos de risco e os valores estavam depositados no banco) e inglesas (Startups britânicas têm cerca de 2,5 bilhões de libras, em depósitos, bloqueados na filial do Reino Unido do SVB), tem gerado muita especulação entre os empresários e investidores (“investidores anjos” e fundos de investimento). A opinião geral é que, uma avaliação do papel dos bancos especializados em empresas de base tecnológica se faz necessária, para se evitar que o problema atual se repita no futuro. Um caso público é o da empresa Roblox Corp (fabricante de videogames), sediada na cidade de San Mateo, Califórnia, que além de ter milhões de dólares em depósitos (sem garantias) no SVB indisponíveis, teve, por esse motivo, uma queda brusca nos valores de suas ações, impactando/preocupando os investidores e acionistas. Agora é aguardar que as medidas tomadas pelo governo americano apresentem os resultados esperados e assim, minimizem os efeitos da falência dos dois bancos, que levantou sérias preocupações “sobre riscos ocultos no setor bancário dos Estados Unidos e sua vulnerabilidade ao custo crescente do dinheiro (juros)”. Tudo indica que as próximas semanas serão de muita tensão, no mercado financeiro mundial.
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Engenheiro Eletrônico, MBAs em e Comércio Eletrônico e Software Business, pela N.S. University (Estados Unidos), acionista da Light Infocon Tecnologia S/A, Diretor da LightBase Software Público Ltda, Conselheiro-Titular do SEBRAE-PB, Diretor da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado da Paraíba e Diretor de Relações Internacionais da BRAFIP.