As evidências científicas explicam que a demanda por recursos globais está superando a oferta e os nossos métodos tradicionais já dão sinais de inviabilidade, no longo prazo.
A ação dos humanos fundamentada em extrair, produzir e descartar, tem impactado o planeta Terra e acarretado sérios problemas de pobreza, fome, escassez de água potável, comprometendo a capacidade dos ecossistemas, de repor recursos e de absorver resíduos, que podem ser reaproveitados.
É importante ter consciência para mudar essa realidade, que tende a se agravar, em um mundo que se aproxima de nove bilhões de habitantes, em 2030, segundo o Fórum Econômico Mundial, 2014.
Todo negócio precisa da cadeia de suprimentos, para evitar desperdícios e aumentar seus resultados. Administrar de maneira eficiente passa, necessariamente, por um sistema de organizações de pessoas, atividades, informações e recursos envolvidos, na atividade de transportar produtos ou serviços aos clientes. Os aspectos essenciais para estruturar uma cadeia de suprimentos adequada aos seus objetivos, compreendem a produção, o fornecedor, o estoque, a localização, transporte, informação, manutenção e a equipe de marketing e vendas.
As empresas, sejam elas grandes ou pequenas, vem inovando os seus modelos de negócio e o design de produtos, como forma de garantir o acesso aos recursos futuros e tornar seus negócios sustentáveis.
É necessário ter foco nas novas economias e a economia circular é uma delas, que permite que os produtos e materiais circulem, aumentando a vida útil, além de eliminar a produção de resíduos. Os negócios sustentáveis respeitam os recursos, a cultura e as tradições locais.
Trago o exemplo de como acontece a economia circular, em uma propriedade rural de 25 hectares, no município de Queimadas – PB, que produz queijo de coalho e cria suínos. Através de consultoria do programa SEBRAETEC, a produtora rural, Dona Neném, utiliza desde 2021, a tecnologia social do biodigestor, que produz gás correspondente a dois botijões/mês, além do biofertilizante, otimizando os custos da produção rural. O soro do leite que faz o queijo, alimenta os suínos que são vendidos para o abate. A matéria prima do biodigestor são as fezes dos bovinos e suínos, que antes eram lançadas no ambiente, sem utilidade econômica. Atualmente transformadas em gás para o fogão, no preparo das refeições da família.
Esse é um exemplo de economia circular, que mostra como as empresas podem incorporar a “circularidade” em seus negócios. Um modelo sustentável onde o resíduo de uma espécie é o alimento de outra, além de gerar energia renovável.
Importantes empresas globais também estão fazendo grandes investimentos na economia circular, ampliando cada vez mais o percentual de materiais recicláveis, porque já está provado que a reutilização de materiais cria valor, ao reduzirem custos, e amplia mercados.
H&M é uma empresa sueca de moda presente em 74 mercados e com mais de 5000 lojas, que se preocupa com a transformação de roupas velhas em algo novo, evitando que a moda vá para o lixo. Pensando nisso, criou o “circulator” uma ferramenta de design circular, que ajuda a garantir que as novas criações sejam produzidas tendo em mente, a circularidade e a reciclagem, partindo do princípio de que os produtos na economia circular tornam-se matéria-prima e insumos para um novo ciclo de produção.
Para Ella Soccorsi, designer da marca sueca, “é importante mostrar que ser sustentável também é ser consistente, e criar parcerias fortes e duradouras dentro da indústria”.
A empresa britânica Toast Ale, produz uma cerveja premiada feita de pães que iriam para o lixo. Estudo mostra que 40% do pão produzido no mundo é jogado fora.
As cervejarias Green Lab (RJ) e Antuérpia (MG) já lançaram a primeira Toast Ale brasileira. Uma receita que utiliza farelo de pão no processo de misturar o malte e a água, sob a ação do calor (brassagem) e confere à bebida notas de caramelo, pão tostado e nozes. “Toast Ale não é um estilo de cerveja, mas sim um projeto de sustentabilidade”.
Incorporar a circularidade na produção de alimentos, roupas e quase tudo que se produz, contribui para a regeneração dos sistemas vivos e para a sustentabilidade do planeta.