Montagem de recortes de reportagem do Diário de Pernambuco que confirmam a real data da inauguração do ISEA |
Por Lenildo Ferreira - jornalista e advogado
A partir de hoje, passaremos a publicar - com a regularidade que a labuta cotidiana permitir - artigos sobre fatos ligados à História de Campina Grande. Vamos ao primeiro deles.
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Idealizada, construída e entregue na primeira gestão de Elpídio de Almeida (1947-1951) como prefeito de Campina Grande, a maternidade municipal, que leva o nome do médico que governou a cidade por dois mandatos, chegou aos 70 anos em 2021 tão essencial quanto ao tempo de sua entrega à população.
Entretanto, uma mudança de última hora na data do evento inaugural da maternidade fez com que um equívoco acabasse se disseminando no curso do tempo, de sorte que, se você fizer uma pesquisa básica, verá que o aniversário do ISEA é celebrado no dia 05 de agosto. Informação que não condiz, estritamente, com a realidade.
Um pequeno erro que acabou se consolidando em bronze. O bronze da singela placa de inauguração do equipamento (imagem acima). Mas, qual foi o dia, de fato, da festa de entrega do equipamento pelo prefeito Elpídio? Quatro dias após a data da placa, ou seja, 09 de agosto de 1951.
Registro feito nesta terça, 18/04 - Victória Chalub - Hora Agora |
ADIAMENTO DE ÚLTIMA HORA
A maternidade de Campina Grande, que já nasceu com o propósito de atender não apenas o município, mas toda a região (como afirmou Elpídio em seu discurso), teve sua inauguração celebrada em um evento que parou a cidade e reuniu um número impressionante de pessoas em plena quinta-feira.
Mas, de fato, a festividade estava agendada para um momento mais propício à dimensão do evento e importância do equipamento público, dia 05, um domingo. Todavia, uma morte prematura e misteriosa de uma figura política importante provocou o adiamento.
Nas primeiras horas do sábado, 04/08/51, morreu no Rio de Janeiro o jovem senador paraibano Epitácio Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, filho do ex-governador João Pessoa (não confundir com o tio deste, o ex-presidente Epitácio Pessoa), um caso cercado de controvérsias e mistérios - cujos detalhes merecem relato próprio, em outra ocasião.
Diante do clima de consternação, não havia ambiente para a festa, como atestamos em pesquisas em jornais da época, a exemplo do Diário de Pernambuco. Mas, a placa já estava pronta, afixada e apenas esperando a cerimônia de descerramento.
Registros em jornais da época - Pesquisa: Lenildo Ferreira |
OUTRO EQUÍVOCO DE DATA
Fato curioso ao se pesquisar a respeito da inauguração da maternidade municipal e seu adiamento é que uma busca na internet pode complicar o trabalho de apuração histórica.
Isso porque todos os registros da morte de Epitacinho, como era chamado o senador paraibano falecido naquele 04 de agosto, e que podem ser encontrados através da busca no Google estão errados. Até mesmo em sua biografia no portal do Senado.
Por alguma razão, os dados apontam a morte do político em 24 de agosto. Conforme as imagens dos jornais de época, fica confirmado que, evidentemente, o falecimento foi vinte dias antes.
"Epitacinho" morreu por volta das 4h da madrugada de 04/08/51 e os jornais do dia já chegaram as bancas com a manchete - Pesquisa: Lenildo Ferreira |
Seja como for, por óbvio, independente do equívoco em relação ao registro histórico da data verdadeira de inauguração da maternidade municipal, que já no ano seguinte passaria a levar o nome de Elpídio de Almeida (já então no exercício do mandato de deputado federal), o fato é que o ISEA é uma das mais importantes obras de toda a História de Campina Grande.
Tanto que, por sinal, falaremos da maternidade em outros artigos. E, de qualquer forma, a descoberta, confirmação e registro dos fatos de maneira mais precisa é uma ação que também tem seu papel na história.