Você viu? Especialistas dizem o que fazer para ‘acabar’ com os ataques às escolas - Saulo Nunes


Vi um título de matéria publicada por um site conhecido nacionalmente dizer que “Crescem casos de ataques em escolas: especialistas dizem o que fazer”. Eu, claro, ‘taquei o dedo’ no link do site para aprender sobre como nós, brasileiros, podemos nos livrar desses episódios absurdos contra crianças e professores. E vou resumir para você, leitor(a), o que os 25 parágrafos daquele textão traz de tão importante.

A publicação diz que 11 professores/pesquisadores de diversos estados se reuniram e traçaram ESTRATÉGIAS CONCRETAS (sic) para o problema em tela. Mas antes, o texto faz um breve (breve?) histórico de invasões a escolas no Brasil e nos Estados Unidos; os casos mais violentos; o número de mortes; as relações desses casos com o Nazismo, o racismo, o Holocausto e a misoginia. 

Eu – como você agora – estava ansioso para aprender logo o que fazer contra essa onda de ataques às escolas. Mas mantive minha paciência (peço só um pouquinho mais da sua também) e continuei lendo o textão de 25 parágrafos. 

A matéria jornalística traça um ‘perfil’ dos agressores e segue fazendo a ligação desses ataques com uma série de outros fatores, como o bullying nas escolas, a violência em casa, os jogos online, os ataques de 08 de janeiro em Brasília e até a Covid-19. Isso mesmo. Os longos períodos de clausura que passamos em 2020/2021 teriam contribuído também para o crescimento dessas ações criminosas nas escolas brasileiras.

Mas cá pra nós: as ‘causas’ do problema já são meio que conhecidas de nossa parte, não? O que eu – e você agora – queremos saber é do que está prometido no título da matéria: “Crescem casos de ataques em escolas: especialistas dizem o que fazer”.

E eis que a minha/nossa curiosidade será saciada (será?). No parágrafo mais ‘fiel’ à manchete do jornal online em questão, os especialistas entrevistados disseram o seguinte:

“Esses casos devem ser classificados como extremismo de direita, pois envolvem cooptação de adolescentes por grupos neonazistas que se apoiam na ideia de supremacia branca e masculina e os estimulam a realizar os ataques. Esses grupos disseminam o discurso que valorizam o preconceito, a discriminação, o uso de força que encoraja direta e indiretamente atos agressivos e violentos”.

E continua: “Para os pesquisadores, medidas de prevenção só seriam eficazes se atuarem nesse cenário”.

Pronto. Pronto? Sim. É isso. 

Ué, tá olhando quê? É isso aí mesmo. Por que o espanto? Quer mais do que isso? 

Você acha que é fácil reunir 11 especialistas de diversos estados, grande parte pesquisadores de universidades, para encontrar a solução de um problema tão sério como este? Ora… Dê-se por satisfeito(a)! A resposta é essa. É só aplicá-la e pronto. Problema resolvido.

Ah, tá bom. Deixa eu ser mais sincero com você. No final – lá no finalzinho mesmo do textão –, o site acrescenta que o governo de São Paulo propôs colocar policiais dentro das escolas; em Santa Catarina, o prefeito de Blumenau anunciou a criação de um protocolo para evitar novos casos; o governo do Rio de Janeiro vai criar um ‘comitê’ para discutir o assunto; e o governo federal criou um grupo interministerial para analisar propostas de políticas públicas. 

Agora sim. Pronto. 

Se quiser ver de perto, copia e cola no Google “Crescem casos de ataques em escolas: especialistas dizem o que fazer”.

---

Saulo Nunes é formado em Comunicação Social pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Ingressou via concurso público no sistema penitenciário do estado em 2009, onde permaneceu como policial penal até o ano de 2015. A partir daí, também após aprovação em concurso, passou a trabalhar como Investigador da Polícia Civil. É autor de Monte Santo: A casa de detenção de Campina Grande 

Postagem Anterior Próxima Postagem