A Polícia Civil da Paraíba elucidou mais um caso de feminicídio no estado, desta vez de grande repercussão, pela forma como o crime foi arquitetado e consumado. Trata-se da morte da professora Honorina de Oliveira Costa, 43 anos, que despareceu na noite de 02 de novembro de 2022 e teve o corpo abandonado em um açude, no município de Cuité. O filho dela (17 anos) e a nora (18 anos) são os autores confessos do delito.
A investigação foi realizada pelo Núcleo de Homicídios da 13ª Delegacia Seccional, com sede em Picuí. De acordo com os levantamentos, Honorina estava em sua residência, no quarto, trabalhando no computador, quando foi surpreendida pela namorada do seu filho. A investigada invadiu a casa pelo muro do quintal e passou uma corda pelo pescoço da professora, na tentativa de asfixiá-la, mas houve luta corporal entre elas. O filho de Honorina, então, entrou no quarto e ajudou a namorada a matar a própria mãe.
Em seguida, os autores confessos do crime levaram o corpo da professora até um açude no município, em um carro, amarram os braços e as pernas da vítima e ainda aplicaram-lhe um golpe de faca no abdômen. Depois, jogaram o corpo no manancial, amarrado a pedras, como forma de fazer o cadáver afundar nas águas e dificultar as investigações.
‘Abandono’ simulado
Ao sair da casa com o corpo de Honorina, o casal também levou no veículo uma mala com roupas e objetos pessoais da professora, para simular uma espécie de ‘abandono de lar’ por parte da vítima. O adolescente chegou a declarar aos policiais, no transcurso das investigações, que sua mãe teria dito que estava saindo de casa, pois “não aguentava mais conviver com o marido”. O depoimento, aliado a outras fortes evidências para o contexto, acabou resultando na prisão provisória do esposo de Honorina, que foi posto em liberdade com o advento de novas informações.
“Não é porque uma pessoa havia sido presa temporariamente que nós iríamos encerrar as investigações. Ainda havia muito o que apurar”, disse o delegado seccional Iasley Almeida, em entrevista coletiva à imprensa nesta quinta-feira, 25 de maio.
Incriminando o pai
De acordo com o delegado Rodrigo Monteiro, do Núcleo de Homicídios, o adolescente – temendo que a Polícia Civil descobrisse a farsa – passou a atribuir ao pai a morte de Honorina.
“Ele fez isso sem nenhum tipo de remorsos, alegando apenas que o pai dele é uma pessoa ‘ausente’. Ou seja, além de cometer o crime de forma cruel contra a mãe, ainda prejudicou o pai”, disse o delegado.
A motivação
Durante seu interrogatório, o adolescente se limitou a dizer que “nutria um ódio pela mãe” desde o ano 2018, sem dar mais explicações. A Polícia Civil descobriu, no entanto, que o rapaz e a namorada são usuários de drogas, e Honorina não compactuava com esse tipo de comportamento.
O adolescente vai responder por ato infracional semelhante a homicídio qualificado e ocultação de cadáver. E a namorada, além dessas duas tipificações, vai responder ainda por corrupção de menores.
Polícia Civil da Paraíba
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