Por Alexandre MOURA (*)
Convenção de Budapeste
Desde o mês passado, o Brasil passou a fazer parte de um grupo de mais de 60 países, signatários da “Convenção sobre Crimes Cibernéticos”. Mais conhecida por “Convenção de Budapeste” (por ter sido firmada na capital da Hungria), o documento “é um instrumento internacional multilateral” que facilita bastante, a cooperação do país com outras nações, no combate aos crimes cibernéticos. Desta forma, a Convenção é mais um instrumento legal que as autoridades (tanto policiais quanto do judiciário) brasileiras passam a ter nas investigações destes delitos e de outras infrações penais, que demandem a obtenção de “provas eletrônicas” armazenadas em servidores de dados (computadores) localizados em outros países, possibilitando/facilitando a cooperação internacional nas investigações.
Convenção de Budapeste (II)
De acordo com a Convenção de Budapeste, são considerados “crimes cibernéticos”, dentre outros, toda e qualquer violação de dados pessoais ou empresariais; fraudes e “golpes digitais” no sistema financeiro; interferência e/ou bloqueio de qualquer sistema informatizado e divulgação de conteúdo ilícito na Internet. Com a crescente “especialização” dos criminosos no “ambiente digital” (vivemos num “mundo cada vez mais digitalizado”) e com a “popularização” do uso da tecnologia de IA (Inteligência Artificial) pelos criminosos, faz-se necessário que as nações possuam formas de cooperação e troca informações de forma legal e rápida (inclusive na “produção de provas eletrônicas válidas”), e que possam ser uteis no combate aos crimes cibernéticos, que infelizmente, crescem em proporções exponenciais, tanto na quantidade quanto na sofisticação.
Risco do uso errado de IA
Desde o mês de novembro do ano passado, quando do lançamento da primeira versão do ChatGPT da OpenAI e mais recentemente, da “versão” GPT-4, o assunto IA se popularizou e entrou na “pauta do dia” de muita gente em todo o mundo. Um exemplo é a grande repercussão que vem tendo a entrevista do Dr. Geoffrey Hinton (PhD, Psicólogo e Cientista da Computação, britânico-canadense, pesquisador na Universidade de Toronto, Canadá) ao jornal americano The New York Times. Na entrevista, Dr. Hinton, reconhecido por seu trabalho em redes neurais artificiais e que recebeu o “Prêmio Turing” de 2018 (Prêmio de maior prestígio em ciência da computação) e “um dos pioneiros na pesquisa de IA”, revelou que deixou a empresa Google (onde trabalhou nos últimos 10 anos, no projeto de IA “Google Brain”), “chamando atenção para as implicações perigosas e riscos inerentes à tecnologia de IA”. E foi além. Ele disse ainda: “lamentar ter trabalhado nessa área e por ter sido o trabalho de sua vida”.
Risco do uso errado de IA (II)
Uma das preocupações, em nível mundial, é o uso de IA para fraudes e crimes cibernéticos sofisticados. O que já pode estar acontecendo. Como o próprio Geoffrey Hinton disse na entrevista, “é muito difícil impedir que os maus atores usem essa tecnologia para coisas ruins”. Essa frase é contundente e muito preocupante, pois vêm de uma das maiores autoridades (se não a maior) no tema. Todos nós sabemos que, boa parte da tecnologia, pode ser usada para o mau e o controle disso é praticamente, impossível. Com relação a IA, é bom lembrar que mais de 1000 empresários e especialistas em TI (Tecnologia da Informação) assinaram uma “carta aberta pedindo uma moratória na P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) dessa tecnologia”. Mas parece que agora é tarde. Como já falei em alguns momentos e também, escrevi neste espaço, a “Caixa de Pandora” da IA foi aberta e agora não é mais possível fecha-la! Não temos como mensurar os impactos da IA no mercado de trabalho (impactando fortemente, a empregabilidade. Um exemplo disso é a recente declaração do Presidente da Emirates Airlines, sobre o uso futuro de IA nos aviões comerciais, que possibilitará voos com um só piloto), na Internet e na nossa sociedade como um todo. Para o Dr. Hinton, esses provavelmente, são os menores problemas que vamos enfrentar. O maior risco, segundo ele, é o dia em que a IA “se tornar mais inteligente que os humanos”. Esse momento pode acontecer muito antes do que pensamos, segundo as palavras dele: “achei que faltavam 30, 50 anos ou mais, não penso mais assim”. Parece que a ficção cientifica está se tornando realidade e rápido. É Assustador! Para dizer o mínimo.
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Engenheiro Eletrônico, MBAs em e Comércio Eletrônico e Software Business, pela N.S. University (Estados Unidos), acionista da Light Infocon Tecnologia S/A, Diretor da LightBase Software Público Ltda, Conselheiro-Titular do SEBRAE-PB, Diretor da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado da Paraíba e Diretor de Relações Internacionais da BRAFIP.