Fiscalizamos postos de combustíveis, mas ignoramos suspeitas de preços artificiais em supermercados

(Por Lenildo Ferreira - jornalista e advogado)

Que o preço dos combustíveis é uma preocupação natural, não resta dúvidas. Por isso, justifica-se a atenção permanente que os aumentos (ou reduções aquém do esperado) provocam. É denúncia, reclamação, reportagem, CPI, investigação.

Mas, e os preços praticados pelos supermercados? O custo de vida que não baixa, a carestia que não cessa? Ninguém se pergunta por que os preços dos itens mais básicos da cesta básica ainda se mantêm tão elevados?

Feijão, arroz, macarrão, café, fubá, óleo, carne, ovo, tudo, enfim, continua em patamares muito acima daqueles vistos antes da crise da pandemia. 

E mais, com oscilações muito pequenas para baixo e altas sequenciadas pouco explicadas. 

Tem-se uma impressão geral e genérica: os preços ficam salgados nas gôndolas porque os custos da produção continuam em alta.

Será? Não é o que dizem os produtores. 

Como o Hora Agora mostrou, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa), Mário Borba, afirmou textualmente, em entrevista à Campina FM, que são os supermercados que estão segurando os preços lá em cima.

Ou seja, o varejista do setor, que não tem o que reclamar dos tempos tenebrosos de pandemia, estaria mantendo a carestia para benefício próprio, engordando a margem de lucro em detrimento do produtor e do consumidor.

Isso está mesmo acontecendo? Seria essa a explicação?

Quem sabe? Agora, na dúvida, por que a mesma gritaria pela fiscalização sobre o custo do combustível não ganha eco em relação aos alimentos?

Ou será que os donos de supermercados, ao contrário dos proprietários de postos, não podem ser questionados?

A dúvida é razoável. E a preocupação é extrema. 

Gasolina é essencial. Mas, feijão e arroz são ainda mais. Porque o sujeito bem alimentado até consegue andar, se o tanque do carro estiver seco. Mas o saco vazio.... 

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