A solenidade de posse da Academia Paraibana de Ciência Econômica, me deixou reflexiva e ao mesmo tempo comprometida, mais ainda, com o futuro que devemos construir juntos.
No cenário atual, criamos uma visão de mundo em que o ser humano é predominantemente competitivo e que a dimensão social não é vista como algo que determina a essência do ser humano. A teoria econômica predominante tem estimulado e contribuído para destruição das relações sociais e o crescimento dos problemas sociais e ambientais que a humanidade enfrenta.
Os atuais problemas do planeta Terra podem comprometer a sobrevivência dos seres vivos, diante do aquecimento global, da escassez de água doce, violência, epidemias, poluição, fome, desertificação, extinção de espécies, guerras e outras questões complexas.
Várias propostas de vanguarda já estão sendo praticadas no mundo, tais como as ecovilas, que são comunidades de pessoas, que buscam um estilo de vida de baixo impacto ecológico.
O consumo consciente, o ócio criativo, as economias: solidária, criativa, colaborativa, circular, são exemplos de ações construtivas que contribuem para superar as atitudes, que nos aproxima de um sentimento de abundância, uma nova consciência emergente, inspirada nas transformações de estilos de vida, que efetivamente poderão preservar a existência dos seres vivos na Terra.
Os indicadores da situação mundial sinalizam que, a partir do ano de 2030, a sustentabilidade do Planeta não estará mais garantida e a humanidade poderá enfrentar o maior desafio para a sua sobrevivência.
O comportamento humano, por motivações econômicas inconsequentes, pela satisfação das necessidades e desejos, tem contribuído para a degradante situação em que se encontram os rios, as florestas, os ecossistemas, a poluição do ar e dos oceanos.
O mundo precisa urgente de uma nova economia, cuja escassez de recursos poderia ser menor se a recomendação fosse “produzir bens e serviços suficientes”, diferente da economia predominante que orienta “produzir o máximo de bens e serviços, a partir de recursos escassos”.
O crescimento de alguns segmentos econômicos, estimulam a expansão da escassez. É preocupante perceber que, quanto mais escassez, mais crescimento econômico, mais desigualdade social, mais degradação ambiental, mais ameaças para a saúde física, espiritual e mental das pessoas, agravadas pelas expansões das doenças e epidemias.
A poluição do ar, lixos químicos e tóxicos, materiais radioativos perigosos, são características de um modelo econômico, que não enxerga os efeitos destrutivos, provocados pelo crescimento e pela expansão.
A economia atual predominante despreza os bens livres que são ilimitados. Estamos falando do ar, da luz solar, do mar, da coesão social, dentre outros, que não são considerados pelos indicadores econômicos. Entretanto, o ar comprimido e injetado em cilindros para a prática de mergulho ou para ser usado por pacientes em hospitais, é um bom exemplo de um bem livre que passa a ser uma atividade econômica, percebida pelos indicadores econômicos.
Assim como o ar, a água doce pode ser considerada a mais ameaçadora crise econômica, ecológica, social e política do século XXI, colocando em risco o futuro da humanidade. Será um bem cada vez mais finito e escasso, para um número cada vez maior de pessoas no mundo.
Há cidades com pouco mais 255 km² de unidade territorial e população de até 21 mil habitantes, que estão investindo em mais de 160km2 de área de condomínios residenciais. É fato visível que o crescimento econômico predominante tem pouco compromisso com desenvolvimento sustentável, porque não enxerga a dimensão dos problemas econômicos, sociais, culturais, políticos e ambientais que terão num futuro próximo.
As ações inovadoras que valorizam os recursos abundantes, são insustentáveis, caso a sociedade continue priorizando o aumento da escassez e a concentração do poder social, não se importando com as consequências decorrentes.
Fazer parte da Academia Paraibana de Ciência Econômica, possibilita aos acadêmicos empossados, contribuir para a disseminação de conhecimentos e informações econômicas, para a construção de um mundo mais justo, colaborativo e sustentável.