No dia 23 de maio deste ano, o governador João Azevedo e o secretário de Segurança da Paraíba, Jean Nunes, fizeram o lançamento da ‘Operação São João’ em Campina Grande. Várias autoridades participaram do evento, entre elas o delegado-geral da Polícia Civil, André Rabelo, que deu uma declaração que pode ser interpretada como “frase de efeito”, caso o leitor esteja desatento às ações da PC no estado.
“A Polícia Civil vai atender as demandas das festas juninas sem perder o foco nas grandes operações”, prometeu o dono do posto mais alto da instituição na Paraíba.
E aí, como saber se Rabelo falava com a alma ou simplesmente ‘fazia média’ para o chefe do Executivo estadual?
Bom. Ainda naquele dia 23/maio, uma operação da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) de Campina Grande prendia, em plena sessão do Tribunal do Júri, uma falsa advogada em exercício [irregular] da profissão.
Na mesma data, bandidos sequestraram um empresário em João Pessoa, levaram a vítima para um matagal e o obrigaram a fazer transferências de valores via PIX. Ainda no período de flagrante, policiais da Delegacia de Crimes contra o Patrimônio (DCCPAT) da capital prenderam dois suspeitos do crime e recuperaram vários objetos da vítima, inclusive o veículo que também havia sido roubado.
No dia 24, antes mesmo de a promessa de André Rabelo completar 24 horas, uma investigação da Polícia Civil resultou na apreensão de 150 quilos de cocaína, no município de Patos, durante operação deflagrada pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO). A ação contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal.
No dia 25, policiais da Delegacia de Homicídios de Campina Grande prenderam, no bairro Santa Cruz, o membro de uma facção criminosa do Rio Grande do Norte, investigado pela morte de um policial militar daquele estado. As polícias civis da PB e do RN trocaram informações e capturaram o foragido da justiça.
Também no dia 25, a Delegacia de Crimes contra a Pessoa (DCCPES) da capital paraibana prendeu o homem suspeito de ter assassinado Kevin Eduardo Souza, líder do assentamento Pico das Colinas, em João Pessoa, crime cometido em novembro de 2022.
Seis dias depois – 31/maio –, a rápida investigação de um dos crimes de maior repercussão do ano em Campina Grande chegava ao seu desfecho. O dono de um bar matou um garçom após o funcionário cobrar uma quantia de R$ 100,00. Foram 11 dias desde o crime até a prisão. O investigado já estava escondido em Pernambuco, mas a Polícia Civil paraibana foi lá ‘buscá-lo’!
Outro foragido envolvido em outro crime também tentou se esconder em outro estado. Estou falando do delito que tirou a vida do pastor Cristiano Rodrigues, na feira livre do Grotão, em João Pessoa. O assassinato aconteceu no dia 8 de abril, e a Polícia Civil da Paraíba localizou o investigado no estado do Ceará, prendendo-o no dia 1º de junho, com o apoio da PC cearense.
Estamos em 03 de junho, um pleno sábado. Outra investigação da DRACO tirou de circulação mais 400 quilos de entorpecentes, entre maconha e cocaína, em nova ação com a PRF. Desta vez, a ‘pancada’ no tráfico aconteceu no município de Cajazeiras.
Dois dias depois, 05/junho, mais uma ação da DCCPES em João Pessoa prendeu o suspeito de ter assassinado o motorista por aplicativo Adriano Faustino. O crime foi em 2020, no bairro do Rangel, três anos antes de o delegado-geral prometer que a Polícia Civil paraibana não cessaria investigações durante o período junino de 2023.
SEM SANGUE
Em 10 de junho – e para sairmos de crimes sangrentos –, a Polícia Civil prendeu em Campina Grande três homens que estavam roubando dinheiro de idosos dentro de agências bancárias. Eles enganavam as vítimas, oferecendo-se a ajudá-las nos saques em caixas eletrônicos, e acabavam roubando os cartões dos idosos.
Também nessa data, a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) de Campina Grande apreendeu 240 quilos de maconha no distrito de Catolé de Boa Vista.
No dia 14/junho, em mais um caso de crime ‘sem sangue’, a Polícia Civil da Paraíba localizou no Rio de Janeiro um empresário campinense do ramo de criptomoedas, investigado [também] por crime de abuso sexual infantil. A investigação é da Delegacia de Crimes Cibernéticos (DECC) e contou com o apoio do Gaeco e da PRF.
Parei minha consulta no dia 17 de junho, data em que a DRACO e o Grupo de Operações Especiais (GOE) prenderam em João Pessoa o advogado José Francisco de Lima Filho, investigado por matar a tiros um empresário na cidade de Recife (PE). A Polícia Civil pernambucana fez contato com a PC da Paraíba, resultando na captura do foragido, que estava hospedado em um hotel no bairro de Manaíra.
Perdoe-me pelo texto longo, mas... estamos no lucro. Imagine o que eu teria de escrever ainda, se hoje, 20 de junho (data desta escrita) já fosse dia 30?
É. André Rabelo não fez ‘média’. Ele conhece a polícia que conduz.
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Saulo Nunes é formado em Comunicação Social pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Ingressou via concurso público no sistema penitenciário do estado em 2009, onde permaneceu como policial penal até o ano de 2015. A partir daí, também após aprovação em concurso, passou a trabalhar como Investigador da Polícia Civil. É autor de Monte Santo: A casa de detenção de Campina Grande