"A criatividade humana é a grande geradora de valor simbólico" - Novo artigo de Regina Amorim


A criatividade humana é a grande geradora de valor simbólico, reconhecida como vetor estratégico da inovação, sustentabilidade e diversidade cultural. Representa um elemento essencial para que a economia criativa seja efetivamente uma realidade para as comunidades e os territórios, contribuindo para um processo endógeno de desenvolvimento, capaz de estimular o empreendedorismo, gerar emprego, trabalho e riqueza.

A economia criativa é intensiva e abundante em criatividade, nos seus diversos segmentos que apresentam grande dinamismo econômico.  O Produto Interno Bruto (PIB) gerado por setores criativos, posiciona o Brasil à frente de países como a Itália, Espanha, Holanda, Noruega e Dinamarca, segundo dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, 2010).

Quando se tem políticas públicas para a valorização da cultura e o estímulo aos setores criativos, essas iniciativas podem potencializar a inclusão social e reduzir a disparidade de gênero, promover a revitalização de áreas urbanas degradadas e até de áreas rurais, onde há um rico patrimônio cultural.

A FINCC – Feira Internacional de Negócios Criativos e Colaborativos, acontecerá de 6 a 8 de outubro de 2023, no Espaço Cultural, em João Pessoa – PB, vai contemplar setores criativos de valor simbólico-econômico, a saber: publicidade, arquitetura, design, moda, artesanato e cultura popular, gastronomia regional, turismo criativo, museu, patrimônio histórico, música, artes cênicas, artes visuais, artes midiáticas, audiovisual e cinema, literatura e editoração, games e jogos de tabuleiro, pesquisa em geral (P&D), biotecnologia e tecnologia da informação e comunicação (TIC).

Esta será uma ação colaborativa dos SEBRAE da região Nordeste, juntamente com o governo do Estado da Paraíba e demais parceiros, para a geração de conhecimentos, oportunidades de novos modelos de negócios, a integração da economia, da cultura e da tecnologia para promover produtos e serviços simbólicos e criativos, de valor cultural.

Os debates sobre a economia criativa são recentes e emergem a partir dos setores intensivos em criatividade. A Austrália foi o primeiro país a utilizar o conceito de criatividade, em 1994, através de um projeto nacional denominado “Creative Nation”, que enfatizava a contribuição do trabalho criativo para a economia australiana. Em seguida o Reino Unido criou o Ministério da Indústria Criativa e publicou um estudo das vantagens competitivas da economia britânica, considerado o marco legitimador da economia criativa, dentre as prioridades do governo.

Segundo relatório da UNCTAD (2010) “economia criativa é aquela que combina criação, produção e comercialização de conteúdos que são intangíveis e culturais por natureza, protegidos por direitos autorais e que podem assumir a forma de bens e serviços”.

Recentemente SEBRAE e APAVEST – Associação Paraibana dos Atacadistas do Vestuário, realizaram visitas técnicas para promover a articulação com associações de artesãs paraibanas, que produzem as rendas renascença e o labirinto, peças em couro e crochê, visando novas formas de gestão colaborativa e sustentável, com geração de novos mercados, riqueza, recursos e valores.

O presidente da APAVEST, Syrio Solano, juntamente com os associados, visualizam que é possível construir uma escalada criativa, elevar o patamar de valorização das peças artesanais, para a venda direta, com muito mais profissionalismo, contribuir para que as artesãs e os seus filhos tenham interesse em dar continuidade à produção, diante de um mercado inovador. 

É possível descobrir novos talentos para o artesanato, o empreendedorismo e o designer, com o protagonismo local e não de fora para dentro. A percepção dos jovens que nasceram nessa cultura será imbatível, no momento que eles se encantarem com o novo mundo de possibilidades, que podem ter. Foi o que Syrio pontuou com essas visitas técnicas.

O intelectual coletivo é uma espécie de inteligência qualitativa que amplia a capacidade de aprender, ensinar e transformar realidades. Nesse contexto, a economia criativa já é um dos melhores caminhos para promover o desenvolvimento local, econômico, social e cultural, equitativo, inclusivo e sustentável.

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"Regina Amorim é formada em Economia pela UFPB, Especialização em Gestão e Marketing do Turismo pela UNB - Universidade de Brasília e Mestrado em Visão Territorial para o Desenvolvimento Sustentável, pela Universidade de Valência - Espanha e Universidade Corporativa SEBRAE. Atualmente é Gestora de Turismo e Economia Criativa do SEBRAE/PB".

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