Por Lenildo Ferreira
Toda disposição de concorrer a um cargo público é, de início, legítima. Não importa o currículo político do pretenso candidato ou suas reais chances de vitória. Até porque nem toda candidatura tem como finalidade efetiva a eleição.
Muitas vezes, o objetivo é preencher espaços no debate, marcar terreno, contestar posicionamentos e supremacias, projetar bandeiras e provocar discussões de certas pautas e agendas.
É legítimo, justo e até necessário.
Entretanto, quando se antecipa demais um debate com caráter eleitoral e eleitoreiro, quando a postulação não é em nome de um grupo, uma causa ou uma bandeira, mas de projetos pessoais individuais, o que temos é a mera politicalha do próprio umbigo.
A eleição é em 2024. Partidos, pré-candidatos e seus agrupamentos precisam, evidentemente, se movimentar.
Todavia, boa parte das personagens que já se lançaram e buscam freneticamente ocupar a mídia querendo polarizar discussões é de gente que sabe que provavelmente nem ao menos terá aval de um partido para concorrer.
Gente que veste a fantasia de candidato para tentar construir relevância pessoal que, por sua vez, se converta em moeda de troca para futuros acordos em benefício próprio. É querer fazer currículo, carreira.
E, o pior, ao invés de o ambiente ser de cobrança para que quem está no mandato e ainda tem um bom tempo no cargo pela frente dê resultados e respostas à sociedade, essas crescentes ditas pré-candidaturas, pelo seu propósito, só contribuem para um clima de permanente debate eleitoreiro.
Toda disposição de concorrer a um cargo público é, de início, legítima.
Exceto quando representa mero projeto pessoal, oportunista, fora de hora e um desserviço à sociedade por parte de quem, com discurso novo, nem tem mandato e já faz política velha – aquela dos meros interesses pessoais.