Em guerra com a realidade até dos números, Bruno se irrita com pergunta sobre o Caged


Por Lenildo Ferreira

A solenidade de inauguração das reformas do aeroporto João Suassuna registrou um episódio que ratifica o fato cada vez mais notório para a cidade de que a gestão municipal se posiciona como se vivêssemos numa espécie de realidade paralela - formada pela própria vontade e visão de mundo do governo, engajamento de redes sociais, aplausos de alguns auxiliares e uma gestão que, em quase três anos, possui apenas eternos projetos futuros.

Parece inacreditável, mas o prefeito Bruno Cunha Lima se irritou com a pergunta de um repórter de João Pessoa sobre os números do Caged, que mostram Campina Grande infelizmente com um péssimo desempenho em 2023, apresentando saldo negativo na geração de empregos.

“Tem uma frase que diz que se os olhos veem com amor o corvo é branco e se veem com ódio o cisne é negro. Muitas coisas dependem dos olhos de quem vê. Eu, por exemplo, vi, nos últimos dados do Caged divulgados, Campina com saldo positivo. Então, essa é uma percepção talvez sua...”, respondeu.

Sim, acreditem. Para o prefeito de Campina Grande, a matemática do Caged está suscetível ao olhar, ao amor e ao ódio. É impressionante. Mas, reflete exatamente o incrível cenário atual do governo da cidade: existe a realidade e existe o Mundo segundo o olhar do gestor.

Depois da resposta atravessada, Bruno ponderou alguns aspectos relacionados a setores produtivos locais, principalmente a indústria de calçados, como suposta explicação para os resultados. Ouça abaixo.

NÚMEROS REAIS

Porém, no mundo real onde as pessoas vivem e sofrem quando os governos vão mal, o Caged aponta Campina com um desempenho muito aquém do restante do estado. Apesar do saldo positivo em agosto, o período consolidado de 2023 é negativo para a cidade que foi um dia chamada de capital do trabalho.

Conforme os números oficiais, Campina Grande registra um saldo negativo de 979 empregos em 2023.

Para que se possa comparar, a Paraíba como um todo tem saldo positivo de mais de 9 empregos no ano. E mesmo em agosto, que Campina registrou superávit, a cidade ficou muito atrás de vários municípios do estado, a exemplo de João Pessoa (1.963 vagas), seguida por Mamanguape (1.467), Rio Tinto (1.454) e Santa Rita (1.444).


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