Por Lenildo Ferreira
Um dos pontos altos do discurso do governador João Azevedo durante ato político em Campina Grande nesta quinta-feira foi sua veemente defesa da necessidade de romper o coronelismo que controla o poder na Rainha da Borborema.
No momento de suas declarações, João olhava para a frente, para o público, e parece que estrategicamente não deu uma espiada à sua volta.
Inteligente, o governador sabia que, se o fizesse, poderia deparar-se com alguns vários semblantes no mínimo constrangidos, afinal, o palco do centro de convenções do Garden contava com um jardim de exemplares da classe criticada por João.
O fato de não ter, por ocasião do momento, um nome advindo de tal círculo que chegue à pré-campanha com força para realmente disputar a eleição, forçando o governador a juntar-se a uma plêiade de pré-candidatos sem maior expressão, representa fenômeno muito mais vinculado às falhas políticas do seu agrupamento que a qualquer repulsa aos coronéis.
Embora não seja político de carreira, e mesmo tendo, de fato, uma origem técnica, Azevêdo valeu-se para chegar ao poder do ricardismo que, embora ainda mais veemente na prédica contra a velha política, escalou os degraus do poderio paraibano literalmente abraçando e depois renegando as mais velhas raposas.
E João, igualmente, só se manteve governador porque, a despeito da própria inabilidade para liderar politicamente o seu grupo, juntou-se ao familismo típico do coronelismo político paraibano.
Por isso Azevêdo fez sua fala mirando para a frente.
Porque se espiasse em volta poderia travar no raciocínio ao perceber que, ao contrário da retórica de ocasião, ao olhar de lado enxergaria para trás, o passado que continua velho mesmo nos discursos novos.
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(Imagem: reprodução - redes sociais)