Mesmo com megaestrutura de comunicação, João vira alvo fácil de narrativas em Campina


Lenildo Ferreira

As críticas do governador João Azevêdo ao prefeito Bruno Cunha Lima durante plenária do PSB em Campina Grande na última quinta-feira viraram, como num passe de mágica, um suposto ataque do chefe do poder executivo estadual à memória do ex-governador e poeta Ronaldo Cunha Lima.

Ao longo da sexta-feira e, principalmente, neste sábado, a versão foi amplamente difundida, ao ponto de gerar reações naturais entre familiares de Ronaldo que, provavelmente sem verificar o que de fato disse Azevêdo, compraram a tese de uma ofensa a quem não está mais aqui para se defender.

Basta, todavia, ouvir as palavras do chefe do executivo estadual para notar o óbvio mais ululante. João se dirigia ao atual prefeito e mencionou a temática do coronelismo ao referir-se à forma como Bruno tem se relacionado com o poder legislativo.

Quanto às menções de Azevêdo a expressões em verso e prosa, evidentemente também foram referência à veia poética do prefeito. Tudo muito claro, muito lógico e fácil demais de perceber.

Como, então, uma versão distorcida consegue se espalhar durante tanto tempo, a ponto de se tornar uma verdade para quem se depara com a história, sem que a comunicação atrelada ao governador do Estado dê conta de esclarecer os fatos?

Ocorre que o episódio apenas ilustra um cenário que tem se consolidado em Campina faz alguns meses: no campo da informação, o Governo do Estado foi engolido na cidade.

Após a crise do fim de setembro, o Palácio do Bispo virou o botão e tratou de investir forte em mídia, inclusive atraindo estruturas que antes eram mais alinhadas ao governo socialista para, no mínimo, neutralizá-las.

Com esse movimento, apesar de toda a megaestrutura de comunicação que o Estado, comparado ao poder de fogo do Município, possui, João e aliados têm perdido e vão continuar perdendo a batalha da opinião pública na cidade.

Sintoma da falta de sintonia e organização do bloco alinhado ao governador, cuja “estratégia” de comunicação se restringe a pactos de silêncio e satisfação com postagens bajulatórias, o descaso deverá custar caro ao governo – duplamente e literalmente.

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