Um gesto simples, vindo de dois homens educados, que se conhecem há muitos anos, mera expressão da civilidade que se espera das figuras públicas, tanto mais que o encontro ocorreu dentro de uma igreja.
Foi apenas isso, mas o retrato de um abraço rápido entre o prefeito Bruno Cunha Lima e o deputado federal Romero Rodrigues, estrategicamente registrado e divulgado, virou mote para uma miríade de ilações sem o menor fundamento.
Nas redes sociais, brunistas de todos os matizes tentaram fazer a foto falar, para que ela dissesse que tudo está bem e que Romero, que presenteou Bruno com a prefeitura em 2020, vai novamente carregá-lo à vitória.
Na verdade, quem estava no local sabe que, para além do cumprimento esperado e necessário, a distância entre Bruno e Romero após o gesto era muito maior que os poucos bancos que os separavam e o contato foi mais frio que o ar do templo de paredes pretas.
A agonia de criar uma narrativa distorcida sobre uma singela imagem converteu o retrato em um raio-x que, por sua vez, revelou o diagnóstico: há uma evidente exasperação no agrupamento governista com a proximidade do desenlace dessa história.
E mostra, ainda, até uma nítida apelação, tardia e angustiante, por uma unidade desconstruída ao longo de três anos e meio.
A foto de um abraço não muda os fatos de uma história...
-----
Por Lenildo Ferreira - jornalista e advogado