São João - Leia o novo artigo de Waltair Pacheco de Brito Jr.


Mais um mês de junho, mais um dia 24 e mais um São João se aproximando, e aqui na terra do maior São João do Mundo ele começa mais cedo, este ano teve abertura das festas no dia 29 de maio.

A festa mais popular do Nordeste cantada em verso e prosa por vários artistas inclusive pelo rei do baião Luiz Gonzaga talvez o maior expoente da nossa cultura nordestina, parece ter mudado seu sentido, sua identidade, suas características de festa simples do povo, cultura raiz da matutice da região para grandes show’s, megas espetáculos, abandonando a cultura popular e dando lugar a cultura de massa.

Olha pro céu meu amor, 

Vê como ele está lindo, 

Olha pra aquele balão multicor, 

Como no céu vai sumindo…

A gente até pode olhar para o céu e ver que ele está lindo, mas já não conseguimos mais olhar os balões subindo e na vastidão do céu ir sumindo, porque já não se solta mais balão, é proibido, virou lei, é crime, e com isso os festejos perderam um pouco da graça, a música do rei do Baião, perdeu o sentido.

Havia balões no ar,

Xote e baião no salão,

E no terreiro, o teu olhar

Que incendiou meu coração.

Como já dito, não há mais balões no ar, como também não há mais xote e baião, estas foram substituídas por funk, “piseiro”, músicas eletrônicas, axé e menos-mau sertanejo, não é mais o salão, mas, as grandes estruturas montadas, grandes espaços para eventos, casas de shows, como também se foram os quintais, as porções de terra, os terraços os eirados e a troca de olhar que incendiava os corações deu lugar as conversas on-line as fotos para as redes sociais.

Chegou a hora da fogueira,

É noite de São João…

Assim escreveu e cantou Lamartine Babo, porque era coisa corriqueira nos quintais e ou nas frentes de casa uma fogueira montar e acender, para ver o fogo subir, a noite aquecer o milho e o queijo assar e todos em volta dela brincar, mas, também virou lei proibido está e quem insistir um crime vai cometer e por isso uma pena pagar.

As quadrilhas matutas tão originais e espontâneas que dançavam ao som do “en avant tous” quer dizer “todos a frente” e “en anarriê” significando “para trás” (francês) que no “matutinês” ou “nordestinês” como queiram, o marcador gritava “alavantur, anarriê”, vestidos todos com roupas de chita, nada combinando, já não exitem mais, hoje, são sofisticadas organizações, que não dançam, fazem coreografias, que não se vestem a contento da cultura, mas se enfeitam com adornos bem produzidos cheios de brilho e cores estravagantes.

Triangulo, zabumba, sanfona ou baixo, quem nas festas juninas os ouve mais, se só sobem aos palcos as guitarras, os teclados, baterias, contra-baixos, e os metais, o forró de Sr. Nino, o arrasta-pé do Biu, o traque de massa, o peito de “veia” a bomba navio, tudo isso que era o São João do Nordeste se perdeu não sei onde, como o resto do Brasil. 

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