A lógica do governo Bruno: méritos são do prefeito; problemas, culpa dos outros


O episódio da invasão de público ao Parque do Povo é um problema, certamente, e como tal merece atenção e cuidado para que não se agrave. Porém, nada demais que não posso ser sanado com gestão, diálogo, profissionalismo e capacidade de suportar e lidar com críticas e reclamações – ainda que injustas.

Mas, o que se vê diante de algo assim, tão relativamente pequeno? Uma ansiedade angustiada dos que fazem a gestão para transferir responsabilidades. Tanto que, agindo avexadamente, soltam uma nota que não diz nada com nada e ainda passa a responsabilidade de confrontar o problema para a empresa organizadora, e, depois, mudam o tom em outra nota, descompensada, atacando a imprensa.

O São João de Campina Grande é uma parceria público-privada, método adequado para realização desse tipo de evento. Mas, desde que o modelo foi adotado na cidade, nunca se viu uma confusão tão grande sobre a delimitação dos papéis, a começar por um gasto exorbitante decidido pela prefeitura para ampliar o Parque do Povo às pressas. 

Seja como for, o tal episódio da invasão neste fim de semana e o destempero da gestão só mostram mais uma vez uma lógica marcante do governo Bruno: em tudo, todos os méritos são do prefeito, mas a culpa dos problemas é sempre de terceiros.

A cidade está suja? Culpa do secretário que saiu. O governo é mal avaliado? Culpa da comunicação institucional. Não se inaugura uma obra? Culpa dos vereadores. Cadê o Hospital da Criança? Culpa de Romero. Demitem 10 mil numa madrugada de final de semana? Culpa do governo federal.

Se a noite é boa no Parque do Povo, viva o prefeito! Se Gustavo Lima espalha simpatia na cidade, o prefeito surfa na onda! Mas, se invadiram o Parque do Povo, a empresa responsável que chame o feito à ordem, a Polícia Militar que resolva, a imprensa que não distorça notas apressadas.

Governar é ter maturidade. É ter coragem. É ter capacidade. É liderar de verdade. É ter inteligência emocional. É saber assumir responsabilidades mesmo quando outros estejam mais diretamente envolvidos. É arcar com bônus e ônus. É tolerar até as cobranças injustas e respeitar a liberdade de expressão tão essencial numa democracia.

E quem não puder ou não quiser suportar tal fardo, que não se proponha a ser governante porque gestão pública não é para todos nem para qualquer um.

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