Dois homens de paz em guerra; uma guerra que não é deles, nem nossa, mas acaba sendo de todos


Por Lenildo Ferreira

Campina Grande vive um momento extremamente obscuro. Dentre os deveres de quem estar no poder, um dos mais importantes é buscar promover a paz. 

Jamais será possível garantir uma convivência geral pacífica, é verdade, mas há sempre uma distância abissal e grave entre os conflitos inerentes às relações humanas (ainda mais na política) e um ambiente insalubre de conflito permanente, total, de todos contra todos.

Agora, Campina vive em guerra. Todo dia é um conflito. Um ambiente azedo, de ódio, futrica, cerceamento, silêncios impostos e adquiridos. 

Contradições imensuráveis, ansiedades descontroladas tentam dividir uma cidade inteirinha, gente irmanada pela vida sobre o mesmo chão e sob o mesmo céu, porque a pior política imita a estratégia de guerra de dividir para conquistar.

O povo olha e já não sabe mais quem é quem... Igual à fábula de Orwell, na revolução dos bichos de Campina Grande homens e porcos se misturam, se fundem e se confundem ao ponto de que, entre pernas e patas, rabos e dedos, focinhos e ventas, nem os próprios personagens se reconhecem mais.

A política do ódio e o ódio na política incitam uma guerra. Na prática, um legislativo e um executivo de olhos nos umbigos se engalfinham, apelando para um judiciário interventor.

Como em toda guerra, alguém tem que estar na linha de frente, a vanguarda do combate. E se os comandantes-em-chefe nem sempre são todos tão dignitários quanto devido, os soldados que cruzam armas no campo podem até lutar com honra uma luta desonrosa.

No retrato, flagrante nosso desta terça-feira durante sessão do poder legislativo na Associação Comercial, eis dois gladiadores desta guerra maltrapilha e malfadada de Campina Grande.

Sentado, o procurador-geral da Câmara Municipal, Luiz Phillipe Pinto de Souza; de pé, curvado, o procurador-geral da Prefeitura Municipal de Campina Grande, Aécio de Souza Melo Filho. 

Dois juristas de proa, dois homens de paz, duas figuras de respeito, dos servidores que honram o serviço público, dois colegas do Direito postos frente a frente nas batalhas que Câmara e Prefeitura travam nos tribunais.

Dois personagens dignos, no digno papel de uma batalha pouco digna, de uma guerra indigna que não é deles, tampouco é nossa, mas, infelizmente, é de todos nós porque é contra todos nós. 

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