Em outubro próximo estaremos nos dirigindo mais uma vez as urnas deste País para elegermos, vereadores, prefeitos e vice nos mais de 5.000 municípios brasileiros.
E apesar do que os especialistas ensinam a respeito do voto isto é, de como as pessoas costumam votar ou como elas avaliam as circunstâncias para darem seu voto, uma ideia que envolve três aspectos: coração (paixão), estômago (necessidade) e por fim, bolso (dinheiro), a realidade é outra.
Analisando mais cuidadosamente esta questão do eleitor ou mais direcionadamente os aspectos apontados por aqueles que gostam de ensinar sobre politica, percebo que na verdade o voto é resultado da consciência que todos têm, isto é, todos votam com consciência, votam tendo ciência das escolhas que estão fazendo.
A questão então passa a ser a ideia de que há votos de uma boa consciência assim como há votos de uma consciência má e a prova disto está no resultado das eleições com os candidatos eleitos, que durante seus mandatos vão de fato revelar que tipo de eleitor votou nele mediante o fruto do seu trabalho.
Eleitos que durante seus mandatos não servem o povo que os elegeu, não trabalham em pró dos interesses da sua cidade, seu estado, seu País, não contribuem para a melhoria da sociedade na qual estão inseridos, são claramente identificados como eleitos pelo voto dos que têm uma má consciência.
Isto porque se os votos que os elegeram foram pensados e efetivados pela paixão ao candidato, esta consciência é desviada das virtudes sociais, se o estômago foi a razão dos votos estes foram destituídos de altruísmo e se o dinheiro foi a razão, a cobiça os regeu e todos estes são frutos de uma consciência ruim.
Isto projeta nos eleitos o sentimento de falta de dever de responsabilidades de compromisso, uma vez que os interesses de quem os elegeu, já foi antecipadamente atendidos, supridos, a correspondência nestes casos entre eleitor e eleito é automática, instantânea, o feedback é on de lado a lado.
Porque, se há pelo lado dos eleitores esta má consciência, os eleitos que se permitem ou se dão ganhar a disputa com estes fatores direcionando os votos que recebem, têm estes uma consciência tão afetada para o mau quanto do eleitor, porque esta condição lhes tiram a obrigação do servir e lhes dão conforto de cruzar os braços.
Em um País que vigora o mandato por no mínimo quatro anos do eleito, isto é uma catástrofe, não se tem como nem a quem reclamar, uma vez que há uma situação de comodidade muito grande por ambos os lados, quem elege e quem é eleito.
Tanto um quanto o outro têm a consciência do que fizeram, um votou para se satisfazer e outro ganhou para estar satisfeito, isto é, quem votou sabe que não tem mais nada a cobrar porque já recebeu seu pago, quem se elegeu não tem nada à pagar porque o debito foi quitado antecipadamente.
Entre um e outro está o eleitor de boa consciência sofrendo os maus tratos de um mandato sem compromisso, está a sociedade sem os devidos ajustes para sua melhoria, a cidade, o estado e ou País sem as devidas politicas de construção, crescimento, prosperidade e bem estar para seu enriquecimento.
A maior prova disto está diante dos nossos olhos, nosso País, administrado por eleitos de péssima consciência, que não têm o menor respeito pelo povo, que não têm a menor preocupação com o Estado, que não se dão a trabalhar pela Nação, porque estão na zona de conforto produzida por quem os elegeu.
Há, de se considerar às exceções, também há de se considerar a dúvida que paira sobre quem de fato elegeu os tais.
Por exemplo, a história que não permite nada além dos fatos, nos mostra o brasileiro em sua grande e esmagadora maioria com um perfil de direita, conservador, olhemos para a Presidência da República, o presidente que aí está para se eleger a primeira vez teve que se reinventar para poder ganhar.
Teve que perder a aparência de socialista, sindicalista, teve que se unir a um grande empresário filiado ao PL, mudar o tom do discurso, e inclusive depois de eleito teve que mudar as ambições esquerdistas para se acomodar a um governo mais de centro e seguir a pauta econômica de seu antecessor.
2014, já o primeiro grande questionamento sobre as eleições com a eleição da Petista Dilma Roussef, situação que se repetiu agora em 2022 e que ganha força com as denúncias do Jornal Folha de São Paulo sobre a atuação do ministro Alexandre de Moraes perseguindo opositores do candidato da esquerda.
Situação que sem dúvida alguma prejudica o processo eleitoral que deve transcorrer com liberdade e igualdade de condições para todos os envolvidos, e que em não havendo, com certeza vai beneficiar um lado e prejudicar o outro, consequentemente comprometendo o resultado das eleições.
Não se faz aqui acusações, mas apontamentos sobre o que a história já apontou e que não pode ser apagada, não pode ser alterada, não pode se quer ser negada e diante da brevidade de mais um pleito o que mais o País precisa é de votos de uma boa consciência, para que se tenha bons eleitos, e tenhamos refrigério.