Por Lenildo Ferreira
A duas semanas das eleições, os partidos só podem substituir agora candidatos em caso de morte. A regra, assim, dá vida a uma estratégia entre as legendas na briga pelas 23 cadeiras da Câmara Municipal de Campina Grande: cortar a “cauda” umas das outras.
No jargão político, “cauda” refere-se àqueles candidatos que não têm chances reais de se eleger, mas somam votos importantes para que os partidos atinjam o quociente e elejam parlamentares. Este ano, as legendas estão precisando de uma “cauda” cada vez mais grossa.
Tudo é matemática. Se um partido aparenta votos suficientes em sua nominata para eleger dois vereadores, por exemplo, e uma legenda adversária consegue fazer alguns nomes da chamada “cauda” desistir, a nominata se enfraquece e pode não mais alcançar os números necessários para garantir duas vagas.
A operação é relativamente favorecida pelo fato de, em regra, os candidatos que compõem a tal “cauda” serem dados a balançar de um lado para o outro. Não por felicidade ou para tanger insetos. Muito mais por oportunismo e para atrair boas negociações.
Muitos são, inclusive, profissionais. Isso mesmo. A democracia representativa brasileira, em seu intrincado sistema proporcional, tem gente especialista em ser “cauda”.
Concorrem esperando em algumas possíveis vantagens: conseguir dinheiro ou benefícios imediatos para ficar e fortalecer sua nominata, negociar desistência e adesão a outro candidato ou ir até o fim e conseguir um cargo nos governos.
Agora, eles estão em alta. “Cauda” pra cima. E cada partido olhando para o rabo do outro.