No ano de 2010, a Câmara Federal recebeu apenas 04 (quatro) deputados eleitos oriundos das forças de segurança pública. Em 2018, esse número saltou para 42, um aumento de 950% em apenas oito anos. Esse fenômeno tem recebido a alcunha de ‘Policialismo’ e não se limita às cadeiras do Legislativo Federal. De acordo com relatórios do Instituto Sou da Paz, de São Paulo, o resultado das eleições municipais 2024 consolidam o avanço que representantes das forças de segurança vêm alcançando no terreno da política brasileira.
De acordo com os dados, os quatro últimos pleitos municipais – anos 2012, 2016, 2020 e 2024 – apresentam uma média de 1,5% de cadeiras reservadas aos agentes de segurança, para os cargos de vereador, prefeito e vice-prefeito, em todo o país. Particularmente, eu não sei o que isso significa perante os demais 98,5% ocupantes dos tronos, mas nos dizeres do Sou da Paz, “o fenômeno do policialismo já está consolidado no cenário político brasileiro, permanecendo relevante e influente”.
POR QUE ISSO?
Parece óbvio entender que essa ‘marcha’ policial rumo aos assentos do poder é fruto do descaso de 30 anos – ou mais – com a segurança pública do país. Entra governo, sai governo, e a violência só fez aumentar, apesar de estarmos declinando, nos últimos cinco anos, nos crimes de homicídio, especialmente.
O curioso é que, nas últimas décadas, o Brasil avançou em praticamente todos os setores da sociedade – moradia, educação, saúde, saneamento básico, expectativa de vida, etc. –, mas a tal fórmula que diz “mais social = menos violência” não vinga sem olhar também para a segurança. Vivemos um longo período em que a pauta da segurança pública ficou resumida a especialistas de universidades ocupando a imprensa e políticos da cota dos 98,5% criando as leis para “combater o crime”, sem terem a mínima experiência prática na matéria. Esperaríamos o quê? Uma mágica?
TODAVIA...
Ser um agente de segurança eleito, por si só, também não garante muita coisa. É preciso bem mais que isso. Não adianta um policial qualquer pedir voto nas redes sociais, com arma em punho e cara de brabo, e no decorrer do seu mandato não apresentar propostas concretas que ajudem a controlar a violência. Na verdade, quando uma parcela deles ocupa os espaços do poder, o destemido herói da internet sai de cena para dar lugar a um exímio ‘empreendedor’...
A propósito, se os chamados “especialistas em segurança pública” gostassem de fazer Ciência, já teriam destrinchado esses oito anos de invasão policial às casas legislativas, para saber que tipo de propostas/projetos estão sendo apresentadas pelos policiais políticos e se essas proposituras resultaram em algum benefício concreto para a sociedade, no campo da segurança pública. Afinal, eles foram eleitos para “combater o crime” ou não?
VOTE EM MIM!
Certo dia, uma amiga policial iniciou uma conversa comigo, dentro da viatura:
ELA: Saulo, eu achava que você iria se candidatar neste ano.
EU: Euuu? Por quê?
ELA: Por causa dessas coisas que você publica na internet; esses comentários.
EU: Não. Totalmente fora de cogitação.
Eu não tenho ‘saco’, paciência, inteligência emocional, saúde mental e muito menos interesse em se candidatar a cargo político. A ‘política’ é essencial para a humanidade, mas não é minha praia. Faço minhas escolhas enquanto eleitor/cidadão e às vezes até peço voto abertamente aos meus escolhidos. Mas nessa cadeira eu não quero sentar.
Porém, não abro mão de estudar, pesquisar, analisar e expor minhas opiniões sobre a vida/profissão que escolhi. Enquanto houver Democracia, esta será minha campanha.
Para esta causa, pode votar em mim.