DRACO: Quem é ‘cérebro’ da unidade policial mais operacional da Paraíba? - Por Saulo Nunes


O estado do Rio de Janeiro chegou à tragédia em que se encontra, do ponto de vista de segurança/violência, devido a um fator específico: a facilidade com que os criminosos têm acesso ao fuzil, arma de alto poder de fogo que dificulta as ações policiais nas favelas cariocas. Não fosse o fuzil, dificilmente haveria roubos bancos nem ataques a carros-fortes, e tampouco os traficantes e milicianos teriam dominado tantos territórios naquele estado. Claro que a violência se explica por outros diversos fatores, mas a posse de uma arma como essa é indispensável para o crime organizado manter seu poder. 

A Paraíba ainda está muito longe de ser comparada ao Rio de Janeiro, mas com o crime não se brinca. Se os poderes públicos bobearem, a coisa desanda e – tal qual no RJ –, querer consertar o erro depois é algo que beira a utopia. É exatamente por isso que uma unidade policial paraibana vem ganhando notoriedade – nacional, inclusive – nas ações de combate às grandes organizações criminosas.

Ela atende pelo nome de DRACO – Delegacia de Repressão ao Crime Organizado – e desponta como a equipe policial que mais apreende fuzis dentro e fora da Paraíba. Isso mesmo que você leu: atua além das nossas divisas estaduais também. 

Por quê? Porque a Polícia Civil, por vezes, sente o ‘cheiro do crime’ de longe, detecta determinadas movimentações perigosas, planeja a operação para o caso específico e ‘bota’ a DRACO na rua para resolver o problema.

Foi assim em abril de 2024, quando a DRACO/PCPB apreendeu dois fuzis em Santa Cruz do Capibaribe (solo pernambucano), armas que viriam para facções criminosas em João Pessoa. Foi assim em agosto do mesmo ano, quando a DRACO/PCPB foi até o estado do Maranhão e apreendeu mais três fuzis (um deles .50, de alto poder destrutivo). Foi assim em tantas outras operações policiais que tornariam o texto inviável para leitura.

Sim, em alguns casos, outras instituições têm colaboração importante. O GAECO do Ministério Público e a Polícia Rodoviária Federal, por exemplo, têm somado forças nessa luta, bem como as polícias dos estados que a DRACO ‘visita’. Mas noutros casos, é a própria PCPB quem trilha os caminhos que dão de cara com os arsenais que fazem grande fatia do Rio de Janeiro um lugar completamente dominado por traficantes. 

AFINAL, O QUE É A DRACO?

A DRACO foi criada, oficialmente, em novembro de 2018, quando Jean Nunes era secretário-executivo da Secretaria da Segurança e Defesa Social da Paraíba (Sesds). Em 2019, Jean se tornou o titular da Sesds e começou a articular com o delegado André Rabelo – quando este ainda era superintendente da Polícia Civil em Patos – a criação e reformulação de novas delegacias na Paraíba. 

Rabelo assumiu a 2ª Superintendência da Polícia Civil (Campina Grande e região) em 2020 e, no ano seguinte, se tornou o delegado-geral da Polícia Civil, o cargo mais elevado na hierarquia da instituição. Assim, nesse biênio 2019-2020, a DRACO foi passando por ajustes necessários, e a partir de 2021 começou a despontar como a unidade policial paraibana que mais atuou dentro e fora do estado, no combate às grandes organizações criminosas. 

A formação da equipe; a logística das operações; o acompanhamento dos casos; a análise dos resultados... Tudo passa pela mesa de André Rabelo, que, obviamente respeitando a hierarquia e a confiança de anos de trabalho, é devidamente compartilhado com Jean Nunes. Sutil e silenciosamente, o cérebro da DRACO transita nesses dois gabinetes, antes de o seu corpo ‘bombar’ as manchetes dos jornais com o resultados das operações. 

PARAÍBA-BRASIL

Em setembro de 2024, o delegado titular da DRACO, Diego Beltrão, esteve no I Encontro Técnico da Rede Nacional de Unidades Especializadas de Enfrentamento das Organizações Criminosas – Renorcrim. O evento foi realizado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), em Brasília, e mostrou um pouco do que a Paraíba é capaz no combate ao crime. 

Hoje, conhecida dentro e fora do nosso estado, a DRACO/PCPB desperta admiração [justa] pelo trabalho que realiza em defesa dos paraibanos. E que assim seja por muito tempo, pois o crime não brinca, e o Rio de Janeiro é um exemplo que NÃO deve ser seguido por nenhum outro estado da federação.

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Saulo Nunes é jornalista, escritor e policial civil

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