O "castelo" da FIEPB - Imagem: Assessoria |
Lenildo Ferreira - jornalista e advogado
O ano de 2024 foi de reviravoltas na outrora muito relevante Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEPB), com a defenestração do ex-presidente Buega Gadelha após três décadas no comando da entidade e a ascensão de Cassiano Pereira, que chegou ao cargo buscando apoios e, inclusive, dialogando com outras instituições.
A mudança parecia indicar que a FIEP, que nos últimos anos perdeu espaço nas mobilizações relevantes do setor produtivo da cidade, voltaria a fazer parte da rotina de esforços dos empreendedores da região pela busca permanente de melhores condições de investimento e geração de emprego e renda.
Não foi, todavia, o que se viu. Após assumir a presidência, Cassiano parece ter rapidamente absorvido a mentalidade de isolamento da federação dentro do mundo irreal que aparenta existir no encastelamento da bela sede da Avenida Canal.
O novo presidente, assim como o velho, foi visto, por exemplo, nos eventos glamorosos da capital federal, como a pomposa posse de Vital do Rêgo na presidência do Tribunal de Contas da União, mas não participou de movimentos importantíssimos para a vida real local, como a luta pela reforma do código tributário municipal.
A ausência da FIEP, contudo, simplesmente foi irrelevante, num verdadeiro retrato da própria perda de importância da entidade, repita-se, para o universo da vida real e do mundo real.
De mãos dadas, outras instituições da sociedade civil campinense, a exemplo da Associação Comercial, SindCampina, Secovi e Sinduscon-PB, conseguiram uma vitória importante para o setor produtivo e, portanto, para a cidade, avançando a redação das alterações no Código Tributário por meio de gestões junto aos poderes executivo e legislativo.
Encastelada em seu mundo de pompas e grandezas, a FIEPB continua sediada em Campina Grande, mas parece se julgar maior e melhor que as demandas da cidade e outras entidades de representação. Engano grave!
O mundo mudou e qualquer instituição só continuará relevante se fizer parte da rotina dos seus representados e da sociedade como um todo. E, se não o fizer, o mundo não para. Perde a própria entidade, que se perde.
Ou a cúpula da FIEPB faz uma autocrítica, calça as sandálias da humildade e se incorpora sem pretensões de grandeza inalcançável ao mundo real, ou sua bela sede será sua única expressão de presença na cidade, muito mais como um memorial de um passado que realmente passou ou, quem sabe, um museu em homenagem àqueles que sepultaram a entidade.