O Ministério Público Estadual ofereceu denúncia à Justiça contra dezesseis nomes supostamente envolvidos no rumoroso caso do Hospital Padre Zé, de João Pessoa, que investiga desvios de recursos num volume de cerca de R$ 140 milhões e cujo esquema teria, à frente, o padre Egídio Carvalho, ex-diretor da unidade.
Na mais recente denúncia, apresentada no final de novembro e que veio a público após reportagem do Jornal da Paraíba, foram apontados como integrantes do alegado esquema, além de Egídio, outros treze nomes, inclusive de dois secretários de Estado: Tibério Limeira e Pollyanna Dutra.
Tibério, que atualmente responde pela Secretaria de Administração, foi incluído por atos do período em que foi secretário de Desenvolvimento Humano, pasta atualmente sob responsabilidade de Pollyana. Os dois ainda não se pronunciaram sobre os fatos.
Os secretários são citados no trecho da denúncia que se refere ao Projeto Prato Cheio, que buscava "a transferência de recursos públicos para aquisição de refeições destinadas a distribuição diária para moradores de rua". O suposto esquema, conforme o MP, consistia em fraudes envolvendo a contratação, pelo Padre Zé, das empresas fornecedoras, com devoluções de pagamentos e propina.
TIBÉRIO
Sobre Tibério Limeira, afirma a denúncia do MP: “Notavelmente, a ORCRIM enraizou-se a ponto de alcançar então o Secretário de Desenvolvimento Humano da Paraíba, à época CARLOS TIBÉRIO LIMEIRA SANTOS FERNANDES, cuja atuação era singular para o desiderato criminoso. Como responsável pela pasta que firmou os termos de convênios, era o efetivo ordenador de despesas e o responsável final pela análise dos procedimentos de prestação de contas referentes ao PROJETO PRATO CHEIO”.
A denúncia cita um exemplo, apontando que, em um diálogo ocorrido em junho de 2022, o padre Egídio teria passado diretrizes para o repasse de R$50 mil destinados a Tiberio. “Essa quantia foi enviada através de um portador, MARINHO NOVAES DA ROCHA JUNIOR (chamado de MARINHO), motorista de Tibério”, diz o Gaeco.
POLLYANNA
Ainda de acordo com a denúncia, ao assumir a pasta do Desenvolvimento Humano, Pollyanna Dutra “continuou o estratagema desenvolvido por EGIDIO NETO, percebendo valores similares aos daquele sucedido”.
O MP detalha, por exemplo, como teria ocorrido o ajuste para a suposta entrega à secretária de propina na ordem de R$ 70 mil. Conforme o Gaeco, a diferença do valor para o que era pago a Tibério (R$ 50 mil) teria se dado por conta do aumento do número de municípios atendidos pelo Prato Cheio. A denúncia narra que a própria mãe da secretária, que era funcionária do Hospital Padre Zé, teria participado do movimento para entrega do montante a Pollyanna.
A reportagem do Hora Agora será atualizada em caso de manifestação dos secretários.