Por Lenildo Ferreira
O que justifica um prefeito não conseguir, num período de quase quarenta dias, sequer nomear o primeiro escalão de seu novo governo? A realidade, impressionante e impensável, é vivida por Campina Grande na gestão Bruno Cunha Lima 2, que desde 02 de janeiro exonerou os comissionados – incluindo secretários.
Até hoje, a estrutura administrativa da cidade está, por exemplo, sem secretário de Planejamento, sem secretário de Agricultura, sem coordenador do Procon e até mesmo sem procurador-geral.
Bruno sequer nomeou interinos e optou por uma saída de causar espécie: os exonerados ficam respondendo pelas funções, ou seja, um secretário que não é secretário, não recebe como tal e não preenche os requisitos formais necessários fica à frente da pasta, inclusive assinando documentos e atos.
A medida, que poderia talvez ser cabível para uma situação emergencial e de curta duração, se estende ad infinitum, desafiando princípios essenciais da administração pública sem haver reação nem da oposição nem dos órgãos de controle.
Pressionado por aliados que querem indicar nomes, como ocorre na Agricultura, onde Renato Gadelha faz às vezes de secretário enquanto o senador Efraim Filho insiste em apontar o escolhido, Bruno exerce sua fórmula de decidir não decidir.
Nessa roda-viva, que deveria nos estarrecer pelo absurdo administrativo, a cidade vai vivendo sob uma gestão que não consegue nem mesmo fazer o básico do básico, que é a parte mais fácil do dilema de governar: escolher seus próprios integrantes.
Assim, o governo cria para si mesmo transtornos por conta própria, começando uma gestão nova com os mesmos problemas da gestão velha – só que, conforme constatam até os aliados, com sinais de pioras.
Se o governo de Bruno fosse uma canção, poderia ser aquela da “casa muito engraçada” que “não tinha teto, não tinha nada”. Com a exceção de que esse tipo de desmantelo não tem graça nenhuma.