Por Alexandre MOURA (*)
Uso de Inteligência Artificial no Jornalismo
Em mais uma coluna da “série” sobre a utilização de IA (Inteligência Artificial), em diversos setores da economia e da atividade humana, hoje vou abordar o uso de IA no “Jornalismo”. Novamente, faço a “ressalva” que os textos desta série, não tem a preocupação de serem “aprofundados tecnicamente” e sim despertar a curiosidade para o tema. A IA tem desempenhado um papel cada vez mais relevante no jornalismo do Século XXI, auxiliando desde a produção de conteúdo até na análise de dados complexos e técnicos, que muitas vezes “escapam” do conhecimento dos “Jornalistas Generalistas”. O avanço dessa tecnologia, tem permitido que as Redações otimizem processos, tornem a apuração das matérias mais eficiente e expandam sua capacidade de cobertura, para uma infinidade de assuntos de interesse da sociedade. Um dos usos mais comuns da IA no jornalismo é a “automação de notícias”. Ferramentas baseadas em IA são capazes de gerar textos em tempo real, especialmente em áreas como finanças, esportes e previsão do tempo. Grandes “Portais da Internet” e “Agências de Notícias”, como a Associated Press e a Reuters, utilizam algoritmos para criar relatórios financeiros, resumos esportivos e outros documentos de forma rápida e precisa, liberando “Jornalistas humanos” para tarefas mais analíticas e investigativas.
Uso de Inteligência Artificial no Jornalismo (II)
Além da geração de conteúdos, a IA tem sido empregada na verificação de fatos. Com a propagação de fake News, algoritmos avançados analisam padrões de disseminação de notícias falsas e verificam a veracidade dessas informações. Plataformas de “verificação” como a “Google Fact Check” utilizam algoritmos baseados em IA para identificar conteúdos duvidosos. Lembrando que neste caso, a “interferência” dos “humanos” na “linha” que o algoritmo “deve atuar”, pode trazer resultados tendenciosos e “não verdadeiros”. Outra aplicação significativa é a personalização do conteúdo da matéria produzida. Grandes veículos internacionais de comunicação, como a BBC e o The New York Times, utilizam IA para selecionar e recomendar matérias, de acordo com os interesses dos seus leitores. Isso não apenas melhora a experiência do usuário, mas também, aumenta o engajamento e o tempo de permanência nas plataformas digitais desses veículos. Já no campo da análise de dados, a IA auxilia jornalistas investigativos na identificação de padrões em grandes volumes de informações disponíveis, ajudando a detectar anomalias em documentos financeiros, contratos públicos, documentos históricos, redes sociais, etc. Permitindo assim, reportagens mais aprofundadas e embasadas em evidências concretas.
Uso de Inteligência Artificial no Jornalismo (III)
Com relação ao “Telejornalismo”, o avanço da tecnologia de IA tem impactado/transformado de forma crescente os telejornais, que estão ficando mais dinâmicos e interativos. Softwares avançados de IA conseguem coletar, processar e redigir textos jornalísticos a partir de dados brutos, automatizando a produção de notícias que inclusive, podem ser “colocadas no ar” ao “vivo” ao longo da apresentação do telejornal (essa mesma “facilidade” serve para o “radiojornalismo”), facilitando enormemente, o trabalho das redações. Além disso, algoritmos podem analisar tendências e sugerir pautas com base no interesse do público telespectador ou radiouvinte. Outra inovação proporcionada pela IA é o uso de “Âncoras e Jornalistas Virtuais”. Alguns telejornais já utilizam “avatares (figuras gráficas de complexidade variada, utilizadas no mundo digital) 99,9% perfeitos, gerados por IA” para apresentar notícias, o que reduz custos operacionais e permite transmissões em diversos idiomas simultaneamente. Esses Âncoras/Jornalistas Virtuais (tanto nas emissoras de TV quantos nas de Rádio) podem ser “personalizados”, para se adaptarem ao público e ao estilo do programa e/ou matéria sendo apresentada. A IA também, aprimora a experiência do telespectador com recursos como legendas automáticas, tradução em tempo real, reconhecimento de voz e linguagem de sinais (“LIBRAS”, no caso do Brasil). Possibilitando as emissoras atingir um público bem maior, ampliando a acessibilidade e inclusão.
Uso de Inteligência Artificial no Jornalismo (IV)
Entretanto, o uso da IA no jornalismo também traz desafios. Questões éticas, como “viés algorítmico” (ocorrência de resultados tendenciosos devido a “erros” humanos que distorcem os dados sendo utilizados), transparência na produção de notícias e o impacto na empregabilidade dos Jornalistas, são temas de debate constante. É essencial que as redações adotem práticas responsáveis e supervisionem o uso dessas tecnologias, para garantir que a integridade e a credibilidade do jornalismo sejam mantidas. A sempre possível, manipulação de conteúdos e a substituição de profissionais humanos por “robôs”, ainda geram debates. Manter o equilíbrio entre tecnologia e ética jornalística, será essencial para o futuro do jornalismo. Por outro lado, a crescente e inexorável presença de IA nas redações, quando utilizada de maneira ética e estratégica, pode potencializar a produção de informações de qualidade e fortalecer o papel da imprensa na sociedade. Como vimos nos tópicos acima, a IA tem um papel cada vez mais relevante no jornalismo, trazendo benefícios significativos para a produção e distribuição de notícias. No entanto, sua implementação deve ser cuidadosa para garantir que a tecnologia seja uma aliada do Jornalista, preservando a credibilidade e a imparcialidade das matérias “geradas com o uso de IA”.
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Engenheiro Eletrônico, Mestrado em Engenharia Elétrica, MBAs em e Comércio Eletrônico e Software Business, pela N.S. University (Estados Unidos), acionista da Light Infocon Tecnologia S/A, Diretor da LightBase Software Público Ltda, Conselheiro-Titular do SEBRAE-PB, Fundador e Membro do Conselho de Administração do SICOOB Paraíba, Ex-Presidente e Diretor da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado da Paraíba e Diretor de Relações Internacionais da BRAFIP.