Por Lenildo Ferreira
Se o governo Bruno Cunha Lima 1 enfrentou fortes dificuldades em relação à própria bancada, a nova gestão, embora retomando a maioria na Câmara, até agora sequer conseguiu definir um líder – e isso por uma razão bastante simples: os vereadores não querem essa missão.
Apesar do número oficial de doze aliados, a maioria não reúne condições básicas para o papel de comando da bancada, ou seja, qualidades como algum perfil de liderança, capacidade de expressão, conhecimento “técnico” dos trâmites e boa relação com os colegas.
Nesse último aspecto, aliás, o impasse se aprofunda diante inclusive das relações azedas entre os principais líderes remanescentes de Bruno na gestão passada, Luciano Breno e Alexandre do Sindicato.
Além disso, Breno, na condição de vice-presidente da Câmara e possível presidente do segundo biênio, tem atribuições que dificultam acumular o papel de líder. Alexandre, por outro lado, viveu um desgaste com o prefeito no processo de eleição da Mesa Diretora que parece não ser ainda águas passadas.
Entre os demais nomes, a maioria não quer ser líder ou não reúne os atributos já mencionados. Quem expressou disponibilidade, mas ainda está se ambientando ao legislativo, foi o novato Rafafá, que, todavia, mesmo sem definição da liderança, se juntou ao pequeno núcleo que efetivamente faz a vanguarda do governo na Casa.
Para todos os efeitos, nenhum dos problemas já descritos é realmente o maior impasse para a definição do líder. O grande nó está na já conhecida e reconhecida dificuldade de ser líder de um governo onde o líder (o prefeito) tem uma relação extremamente complicada com os vereadores (embora não só com estes).
Sem falar nos auxiliares da gestão que, exceto um ou outro e momentos de determinadas conveniências, torcem o nariz para vereador – mesmo os mais próximos. Essa história, por sinal, irrita profundamente os aliados do prefeito na Câmara. E não é para menos.
A crise de liderança na Câmara, portanto, reflete a crise de liderança da prefeitura – que afeta, inclusive, o secretariado e sua também difícil relação entre os próprios auxiliares da gestão, uns com os outros e com o prefeito.
Ou seja, a questão, no fim das contas, não é falta de líder na Casa de Félix Araújo, mas de liderança no Palácio do Bispo.