Se não há espaços vazios na política, Adriano resolveu ocupar todos - Lenildo Ferreira


Por Lenildo Ferreira

Um dos mais velhos mandamentos da política sentencia que, neste universo, não há espaços vazios. Não por acaso, os políticos vivem permanentemente como se estivessem naquele jogo antigo de quem senta primeiro na cadeira quando a música para de tocar.

A ascensão de Adriano Galdino, de um prefeito bigodudo de uma cidadezinha tão pequena quanto Pocinhos ao mais poderoso presidente da Assembleia Legislativa tabajarina que já se viu, deve-se muito ao seu senso extremamente acurado de saber quando a música vai parar e sua agilidade para garantir a cadeira.

Adriano, por sua obra e graça, conseguiu fazer seu sobrenome figurar, em curtíssimo espaço de tempo (considerando que tais feitos costumam demorar gerações), entre as principais forças familiares de um estado tradicionalíssimo no poderio dos clãs. Pocinhos passou a fazer “fronteira” com o Brasil todo.

São seguidos mandatos de presidente da Casa de Epitácio Pessoa. Murilo, irmão, é deputado federal com reeleição desde já muitíssimo bem assentada. A mulher, Eliane, comanda a cidade-base. 

E a filha, agora, vai ganhar uma cadeira para a vida toda, não por acaso disputadíssima, no Tribunal de Contas, deixando para trás muitos nomes de políticos que ansiavam pelo cargo.  

De pouca eloquência e com rudeza que não faz questão de disfarçar, o presidente da ALPB é capaz até de, para provar sua tese, expor em entrevista conversas de WhatsApp com o próprio governador do Estado. 

Ao mesmo tempo, tem fama de cumprir a palavra empenhada sem pestanejar, coisa que na política (ainda a paraibana) é muito rara.

Mas poucos notam que Adriano, na verdade, ficou deste tamanho porque aprendeu a ler a mente e a alma da sua própria categoria, os políticos. Galdino conhece como muito poucos as forças e fraquezas de adversários e, sobretudo, as dos aliados. 

Ele sabe que a nata atual da política paraibana, mesmo no restrito ciclo principal, é fraquinha demais, simplista demais, caolha demais. E Adriano não é uma coisa, nem a outra, nem tampouco a outra. 

E aí vem o mérito final. A questão não é apenas esperar o surgimento de espaços vazios e ser rápido em preenchê-los. Adriano passou dessa qualidade faz tempo. Agora, se não tiver espaço, ele cria. E, claro, ocupa. 

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